Manuel Branco Ferreira, presidente da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica, revela que o confinamento ajudou quem sofre de rinite e alergia a pólen.
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O confinamento pode ter ajudado a acalmar os sintomas de muitos doentes que sofrem de doença alérgica.
Manuel Branco Ferreira, presidente da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica, explica que ficar em casa fez com que "a exposição aos pólenes fosse menor e, muitas vezes, os doentes passaram melhor".
Por outro lado, os doentes com alergia a ácaros estiveram mais expostos a sintomas alérgicos. "Acabaram por ficar mais dentro de casa, passaram um pouco pior e necessitaram de fazer reforços na medicação."
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A Covid-19 e as doenças alérgicas partilham alguns sintomas como a tosse, dificuldade respiratória e, por vezes, febre.
O alergologista pede, sobretudo, aos doentes asmáticos que fiquem atentos aos sintomas, confirmando que, durante os últimos meses, a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica recebeu vários contactos por parte de doentes asmáticos devido ao novo coronavírus.
"A maior parte dos nossos doentes asmáticos telefonou-nos a perguntar o que é que deviam fazer e a nossa resposta tem sido sempre: mantenha a sua asma o mais controlada possível. Se necessário, reforce a medicação de base que tem para fazer e, se tiver algum sintoma particular, a febre, associada àqueles sintomas menos típicos da alergia como a perda do olfato ou a perda do paladar, deverá recorrer à linha SNS24", explica o especialista.
O médico pede cuidados mas garante que quem sofre de doença alérgica não corre mais riscos em contexto de Covid-19 do que um doente normal.
"Os doentes com alergia respiratória, tanto quanto sabemos, não constituem uma população de risco nem para contrair, nem para ter formas mais graves de infeção Covid - ou seja, não é mais frequente os doentes alérgicos necessitarem de ventilação do que os doentes não alérgicos", explica.
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Em Dia Mundial da Alergia, Manuel Branco Ferreira apela aos doentes que não ignorem sintomas que podem ser tratados ou atenuados.
O médico lamenta que, muitas vezes, os sintomas alérgicos acabem por ser desvalorizados ou até ignorados porque, apesar de a "alergia ser uma patologia muito frequente, muitas vezes, está subdiagnosticada e subtratada".
A falta de diagnóstico leva a "um sofrimento persistente" desnecessário, já que "há várias coisas que se podem fazer para a melhoria da qualidade de vida do doente alérgico, que não tem que estar condenado a sofrer com as suas alergias", defende.
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