Constantino Sakellarides diz que poder político deve "procurar ativamente" novo diretor-geral da Saúde
O antigo diretor-geral da Saúde considera que é importante tornar o cargo atraente.
Corpo do artigo
O antigo diretor-geral da Saúde Constantino Sakellarides considera que o poder político deve entrar ativamente na procura de um substituto para Graça Freitas na Direção-Geral da Saúde (DGS).
"O cargo de diretor-geral da Saúde é habitualmente exigente, difícil e de grande exposição pública. Portanto, a seleção deve ser cuidadosa. E, de uma forma geral, quando existe um cargo desta natureza, o que faz sentido é os poderes políticos e públicos interessarem-se em identificar candidatos para o lugar", disse à TSF Constantino Sakellarides, referindo que "as pessoas com capacidades próprias para o cargo têm a sua vida estabelecida, estão na sua zona de conforto e é preciso aliciá-las para sair dessa zona de conforto e assumir uma função pública de relevo, de importância, significado e desafios".
Por isso, é preciso procurar o melhor substituto possível para Graça Freitas. "É da lei da vida, e isso é verdade para altos cargos da função pública, que aqueles que querem se calhar nós não queremos. Os que estão disponíveis não serão os melhores candidatos. É preciso procurar ativamente", avisa o antigo diretor-geral da Saúde.
TSF\audio\2023\06\noticias\01\constantino_sakellarides_1_poder_pol
Constantion Sakellarides defende ainda que é importante garantir que o cargo seja atraente e, para isso, é necessário contrariar os sinais de desinvestimento na DGS.
"Para que esse cargo seja tornado atraente, é necessário assegurar que tenha condições de exercício, que tenha recursos técnicos, tecnológicos e financeiros necessários para efetuar um bom trabalho", acredita.
E "há dois factos preocupantes" nessa matéria: "A primeira é que no decurso dos últimos anos, a DGS tem perdido capacidade técnica. Tem perdido recursos humanos necessários para o exercício das suas funções. Por outro lado, a DGS tem funções nobres e específicas próprias no campo da promoção e proteção da saúde. Ora bem, há alguns sinais, de algum tempo a esta parte, que algumas dessas atribuições nobres estão a ser deslocadas para fora da Direção-Geral da Saúde."
TSF\audio\2023\06\noticias\01\constantino_sakellarides_2_desinvest
Assim, Constantino Sakellarides traça o perfil necessário para se assumir o cargo: "Tem de ser uma pessoa tecnicamente habilitada no domínio da saúde pública, em primeiro lugar. Em segundo lugar, tem de ser uma pessoa capaz de liderar uma equipa, dar-lhe coesão e permitir respostas prontas, às vezes urgentes, às vezes difíceis e em momentos críticos. Em terceiro lugar, tem de ter a capacidade de lidar com as dificuldades que o sistema político muitas vezes põe ao exercício do cargo de diretor-geral da Saúde. Portanto, tem de ter a capacidade, e às vezes a paciência, de conseguir articular-se com o poder político, de forma a poder exercer essas funções da forma como elas devem ser exercidas."