Consumo de broa de milho desaconselhado em quatro distritos após 187 suspeitas de toxinfeção
Autoridades desconfiam que a farinha utilizada na confeção seja a responsável pelo surgimento de sintomas como secura da boca, alterações visuais, tonturas, confusão mental e diminuição da força muscular.
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A Direção-Geral da Saúde (DGS) e a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) emitiram esta quinta-feira uma recomendação conjunta para que não se consuma broa de milho nos distritos de Leiria, Santarém, Coimbra e Aveiro devido a suspeitas de casos de toxinfeção alimentar associadas a este alimento "produzido e distribuído" nos quatro distritos.
Em declarações à TSF, o inspetor-geral da ASAE, Pedro Portugal Gaspar, garantiu que esta recomendação é feita "sem alarmismo, mas para ter alguma medida cautelar" enquanto as autoridades não obtiverem "elementos relativamente seguros" para terem a certeza do que está a acontecer.
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Entre 21 de julho e 9 de agosto, foram identificados 187 casos com sintomas semelhantes entre si, "principalmente secura da boca, alterações visuais, tonturas, confusão mental e diminuição da força muscular", lê-se no documento conjunto divulgado esta manhã.
O fator comum era o consumo de broa de milho "produzida e distribuída nos distritos de Santarém, Leiria, Coimbra e Aveiro", em específico nos concelhos de Pombal, Ansião, Leiria, Marinha Grande, Pedrógão Grande, Ourém, Figueira da Foz, Condeixa-a-Nova, Coimbra, Ílhavo e Vagos.
Estes sintomas foram registados "entre 30 minutos e duas horas" após a ingestão da broa de milho e, apesar de terem desaparecido em "poucas horas" na maioria dos casos, houve 43 em que foram necessários cuidados hospitalares.
As autoridades suspeitam que a farinha usada na confeção destas broas possa estar na origem dos sintomas e já iniciaram análises aos alimentos e matérias-primas usadas na confeção, bem com inspeções aos fabricantes "para identificação dos lotes" de produtos usados.
Os episódios estão a ser investigados pelos Departamentos de Saúde Pública das Regiões Centro e Lisboa e Vale do Tejo, Direção-Geral da Saúde, Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, Direção-Geral de Alimentação e Veterinária, Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge e Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses.
Esta segunda-feira já tinham sido identificadas 136 suspeitas de toxinfeção ligadas a este alimento só na região de Leiria, tendo 35 pessoas precisado de assistência médica.