O secretário-geral do PS apelou hoje ao fim do confronto entre Governo grego e parceiros europeus e ao respeito pelo referendo de domingo, defendendo que, independentemente do resultado, deve ficar salvaguardada a integridade da zona euro.
Corpo do artigo
Posições de António Costa que constam num artigo hoje publicado na edição digital do jornal oficial do PS, ao longo do qual insiste na importância de uma "negociação construtiva" e volta a criticar o Governo Português, considerando que demonstrou "imprudência" ao demonstrar uma alegada ausência de empenhamento na obtenção de um acordo entre as instituições internacionais e o Governo do Syriza.
Mas, no seu artigo, o líder socialista salienta sobretudo a necessidade de ser respeitada a decisão do executivo do Syriza de convocar para o próximo domingo um referendo, tendo como base a proposta feita pelos credores internacionais à Grécia.
"Não é a primeira vez que um Estado-membro recorre ao referendo para decidir questões com a União Europeia - e devemos respeitar essa decisão, como sempre respeitámos nos outros Estados-membros. É o povo grego que deve decidir e compete-nos a nós respeitar esse debate que nesta fase lhe pertence, nunca esquecendo, porém, que não há divergências políticas que possam ignorar a solidariedade devida ao povo grego", acentua António Costa.
Para o secretário-geral do PS é "decisivo que, qualquer que seja o resultado do referendo, com este ou outro plano, seja garantida a integridade da zona euro, o financiamento das economias e uma política económica que permita o crescimento, a convergência e a criação de emprego".
"A Grécia é o trágico exemplo do insucesso da austeridade. Na zona euro nenhum país sofreu tanta austeridade e nenhum está em pior situação", sustenta o líder do PS, numa crítica à linha económico-financeira seguida na zona euro desde 2010.
António Costa aproveita também para traçar uma linha de demarcação face à atitude que diz estar a ser seguida pelo executivo PSD/CDS relativamente à Grécia.
Neste ponto, em concreto, o secretário-geral do PS começa por advertir que "o insucesso das negociações entre o governo grego e os parceiros europeus não é uma boa notícia para a União Europeia - e suscita legítima preocupação a quem tem uma postura responsável perante os riscos que comporta para a confiança no euro".
"O interesse nacional, o interesse das famílias e das empresas portuguesas, é fortalecer a zona euro e a capacidade de intervenção do BCE (Banco Central Europeu), como sempre defendeu o PS, contra a posição do Governo. É urgente substituir o confronto entre posições radicais por uma negociação construtiva. A intranquilidade que estamos a viver demonstra a imprudência de quem, como o governo português, não se empenhou num acordo e o erro estratégico de quem pensa ser possível virar a página da austeridade numa posição unilateral de confronto", refere, numa crítica que abrange tanto o executivo de Pedro Passos Coelho, como o Governo do Syriza.