Costa passa testemunho a Pedro Nuno: novo líder do PS afasta "rutura", mas quer "inovação"
António Costa sacode a pressão quanto a resultados eleitorais. Pedro Nuno lança um aviso à direita.
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A reunião durou uma hora e meia, para António Costa passar o testemunho a Pedro Nuno Santos, os conselhos não foram revelados, mas o ainda primeiro-ministro garante que não será "sombra de ninguém". Pedro Nuno Santos não quer "ruturas" com António Costa, mas sim "inovação", e deixa um aviso à direita.
António Costa chegou à sede do PS, no Largo do Rato, às 12h02. A pé e de óculos escuros, esperou três minutos pela chegada do mais recente líder do partido. O cumprimento a Pedro Nuno Santos foi um expressivo aperto de mão.
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Inicialmente, previa-se que a reunião durasse breves minutos, num simbólico momento de transição, mas Pedro Nuno Santos e António Costa estiveram à conversa até depois das 13h30.
Desceram do segundo para o primeiro piso lado-a-lado, voltaram a cumprimentar-se com um abraço, mas falaram à vez. O primeiro foi António Costa até para desimpedir caminho para o novo líder.
"Não tenciono ser sombra de ninguém", atirou Costa, sacudindo até a pressão quanto ao resultado eleitoral das eleições legislativas antecipadas de 10 de março.
António Costa nota que "nenhum líder do PS está obrigado a vencer eleições" e Pedro Nuno Santos vai completar, na altura, apenas três meses de liderança, pelo que "não se pedir que faça em três meses o que outros tiveram oportunidade de fazer em vários anos".
Agora, é tempo de união no PS, já sem Pedro Nuno Santos, José Luís Carneiro e Daniel Adrião em disputa interna, e o ainda primeiro-ministro compara até com o PSD de Luís Montenegro.
"O PS está seguramente muito mais unido depois destas eleições, do que seguramente o PSD ao fim de vários anos de liderança de Luís Montenegro", atirou.
"Não sou o líder do PS que a direita gostava de ter"
Falando também para a direita, já depois de Luís Montenegro ter comentado o discurso de vitória do adversário político, Pedro Nuno Santos deixou uma provocação, em tom de aviso.
"Não sou o líder do PS que a direita gostava de ter", reconhece, garantindo que "fará um grande combate a esta direita e ao PSD".
Quanto ao futuro no partido e, quem sabe, no país, Pedro Nuno Santos assume que "é normal que existam alterações", mas afasta "ruturas" com o caminho trilhado por António Costa, mas "tem de haver inovação".
"Não há uma rutura, mas há também uma mudança e tem de haver inovação na forma como nos organizamos e intervimos publicamente", admite.
Pedro Nuno Santos volta a sublinhar que conta com António Costa para o futuro do partido, embora não revela que cargo lhe tem reservado para as próximas andanças políticas.