"Pedro Nuno encolhe o PS." Pacheco Pereira e Lobo Xavier criticam "discurso vazio" do novo secretário-geral
No programa O Princípio da Incerteza, da TSF e CNN Portugal, estiveram em debate as eleições no PS e o futuro político do país. O comentador Pacheco Pereira fala de um "ambiente político muito agressivo", enquanto Alexandra Leitão antevê uma das campanhas mais desafiantes de que há memória. António Lobo Xavier critica o discurso de Pedro Nuno mais preocupado em "mostrar as diferenças entre ele próprio e António Costa".
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Após a eleição de Pedro Nuno Santos para novo secretário-geral do PS, na sequência da demissão de António Costa, José Pacheco Pereira considera que Portugal vive "num ambiente político paupérrimo, muito agressivo e muito radicalizado" e alerta para a possibilidade de existir "mais que uma eleição num prazo relativamente curto". No programa O Princípio da Incerteza, da TSF e da CNN Portugal, António Lobo Xavier acredita que "Pedro Nuno Santos encolhe o PS", enquanto Alexandra Leitão não tem dúvidas de que o socialista é o candidato com maior probabilidade de ganhar as eleições de março.
"Nós vamos entrar num país de grande turbulência política e de grande dificuldade de governabilidade", afirmou José Pacheco Pereira, explicando que "quer o PS, quer o PSD têm muita dificuldade, se não tiverem uma maioria absoluta - que não vão ter -, em constituir Governo".
"À esquerda, por muito que Pedro Nuno Santos fale da geringonça, a geringonça é aparentemente um downgrade. (...) E o PSD tem o Chega pendurado", atirou.
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Para Pacheco Pereira, o país vive "um ambiente político paupérrimo, muito agressivo e muito radicalizado", em que todos os dias aparece algo novo e, se Pedro Nuno tem "um discurso vazio", também Luís Montenegro ou André Ventura não têm conteúdo, defendeu.
"O discurso de Pedro Nuno Santos foi vazio, foi como nas associações de estudantes. Eu fui dirigente associativo e garanto-vos que o meu discurso não era semelhante àquele, mas não importa, eu não levo isso a mal. Também o discurso de Montenegro, os discursos de André Ventura são vazios", considerou.
"Quais são as soluções que o Chega tem para o país? Quais são as soluções do PSD sobre a guerra na Ucrânia?", questionou Pacheco Pereira.
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Também António Lobo Xavier criticou a postura do novo secretário-geral do partido socialista, considerando que "Pedro Nuno Santos encolhe o PS" e que, durante a campanha eleitoral, "ocupou-se durante muito tempo a mostrar as diferenças entre ele próprio e António Costa (...) que agora, após ganhar as eleições, obviamente tem menos espaço do que o líder do PS que estava antes".
"Eu não sei nada. Eu sou capaz de falar uma hora sobre o pensamento de António Costa sobre a União Europeia, sobre a mudança de estratégia de Defesa na Europa, sobre a Justiça... Sou capaz de estar aqui uma hora a explicar o que ele pensa. De Pedro Nuno Santos, não sou capaz de dizer nada, não conheço absolutamente nada do que pensa", disse.
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"António Costa é um grande político sem jeito para governar, mas era um homem cheio de ideias e de pensamentos", concluiu.
Por outro lado, Alexandra Leitão antevê uma das campanhas mais desafiantes de que há memória e sugere ao PSD que deixe cair o tom radical que usou para criticar o discurso de Pedro Nuno Santos.
"Quem vai ganhar as eleições de março é quem conseguir convencer melhor os cidadãos portugueses que vai conseguir resolver os problemas deles, sobretudo ao nível dos serviços públicos", disse, considerando que é Pedro Nuno, neste momento, "quem tem mais capacidade para dizer às pessoas e as convencer disso".
"Seja porque tem carisma, seja porque tem algumas provas dadas", argumentou.
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Alexandra Leitão colocou a bola à direita, considerando que "esta radicalização do discurso foi trazida pelo Chega". "E se o PSD cair na armadilha de usar o discurso do Chega, só se vai empobrecer a si próprio, porque quanto mais alguém tiver que se defender de um assassinato de caráter, menos ideias se vão discutir."
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Pedro Nuno Santos foi eleito este sábado secretário-geral do PS, com 24.080 votos, correspondentes a 62%. Para Alexandra Leitão, "agora aquilo que é importante, francamente, é tentar discutir ideias".