Costa responde a Marcelo a poucas horas do Conselho de Estado: "Função de primeiro-ministro não é ser comentador"
Respondendo aos vetos de Marcelo, o primeiro-ministro lembra que tem "um contrato com os portugueses" e garante que o vai "cumprir".
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A poucas horas do início do Conselho de Estado, o primeiro-ministro, António Costa, respondeu aos vários vetos do Presidente da República, desde logo, ao pacote para a habitação, e lembrou que a sua função "não é ser comentador", mas sim "fazedor" e "identificar soluções para os problemas".
"Eu tenho um contrato com os portugueses e vou cumpri-lo, é essa a minha função", garantiu, depois de visitar o Centro Infantil António Marques da União Mutualista N. Sra. da Conceição, no Montijo.
Questionado sobre os vetos e as críticas de Marcelo Rebelo de Sousa, o primeiro-ministro desvalorizou, defendeu que é a democracia a funcionar e mostrou-se tranquilo. De sorriso no rosto e com vontade de responder às questões dos jornalistas, Costa afirmou que "não tem nenhum motivo para perder o sorriso".
"Vivo com uma grande tranquilidade", assegurou, questionado sobre o Conselho de Estado da tarde desta terça-feira.
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António Costa destacou até as diferenças entre os vários cargos: ser primeiro-ministro é diferente de exercer funções como líder da oposição ou até de Presidente da República. E deu até alguns exemplos: "Num bloco operatório, se o cirurgião fizer o trabalho do anestesia e o anestesia do cirurgião, provavelmente a operação não corre bem. Numa equipa de futebol, se o guarda-redes, em vez de defender a baliza, procurar marcar golos na baliza do adversário, provavelmente a coisa também não corre bem. Cada um cumpre as suas funções", referiu.
O primeiro-ministro considera "perfeitamente normal" o Presidente da República ter uma "opinião distinta" da maioria da Assembleia da República, e apelou a que as competências do Governo, da Assembleia da República e do Presidente da República "sejam respeitadas". "Vivemos numa democracia, a democracia é plural, não temos de pensar todos o mesmo", assinalou.
No que toca ao diploma da habitação, o primeiro-ministro esclareceu que "a Assembleia da República debateu a proposta do Governo e aprovou o texto final, depois passámos à fase do Presidente da República que se pronunciou e agora vai regressar à AR e o Governo aguarda tranquilamente". "Devemos respeitar competências. Tendo o Governo e o Presidente da República exercido as suas competências, agora é a vez da Assembleia da República, vamos respeitar", notou, sobre o pacote Mais Habitação.