Costa "tem de explicar". PSD exige esclarecimentos sobre o caso da renúncia de Sérgio Figueiredo
O vice-presidente dos sociais-democratas, Paulo Rangel, fala de "tiques de absolutismo" do governo socialista durante o mandato de maioria absoluta.
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Paulo Rangel pediu, esta quarta-feira, esclarecimentos por parte de António Costa sobre o caso da renúncia de Sérgio Figueiredo do cargo de consultor do Ministério das Finanças.
O vice-presidente do PSD pretende saber se o primeiro-ministro estava a par da contratação e "encolheu os ombros e lavou as mãos como Pôncio Pilatos" ou "ele não sabia e estamos outra vez num caso como o do ministro Pedro Nuno Santos". "O primeiro-ministro tem de explicar", considera o social-democrata.
Apesar da maioria absoluta do governo socialista, o PSD garante que não "vai ficar sem escrutínio" da oposição. Paulo Rangel, inclusive, falou em "tiques de absolutismo" do Partido Socialista.
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Os sociais-democratas também questionam "o silêncio" de Fernando Medina "todos estes dias". Na opinião de Paulo Rangel, o ministro das Finanças "tem também de explicar porque é que é era essencial essa função [de consultor do Ministério das Finanças]".
Sérgio Figueiredo anunciou esta quarta-feira que renunciou ao cargo de consultor do ministro das Finanças num texto publicado no Jornal de Negócios.
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O jornal Público noticiou a 9 de agosto que o Ministério das Finanças tinha contratado o antigo diretor de informação da TVI e ex-administrador da Fundação EDP Sérgio Figueiredo como consultor estratégico para fazer a avaliação e monitorização do impacto das políticas públicas, escolha que motivou críticas de partidos políticos, à direita e à esquerda, e de comentadores políticos.
Num texto em que explica os seus motivos, Sérgio Figueiredo aponta que "ficou insuportável tanta agressividade e tamanha afronta, tantos insultos e insinuações" depois de ter sido convidado pelo ministro das Finanças, Fernando Medina.
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Quanto ao salário, Sérgio Figueiredo salienta que esta questão teve "grande relevância nacional" pelos "cerca de 70 mil euros anuais, o que corresponde ao valor de 5800 euros brutos por mês" que iria auferir e não é "mais do que ganha o próprio ministro".
Sérgio Figueiredo aborda também no texto as funções do cargo a que renunciou, contestando as "duas linhas de argumentação" que não lhe reconheciam capacidades "para qualquer espécie de intervenção no domínio das políticas públicas" e "uma alegada redundância com as missões atribuídas a vários organismos que existem no Ministério das Finanças e fora dele".
Nas reações à notícia da escolha de Sérgio Figueiredo, o Bloco de Esquerda criticou a escolha, o PCP referiu que a contratação tinha "critérios certamente discutíveis", a Iniciativa Liberal acusou António Costa de "sacudir a água do capote", o PSD pediu "explicações" ao ministro das Finanças e primeiro-ministro e o Chega quis que Fernando Medina fosse ouvido no Parlamento.