Crescida, mas não envelhecida. Maior Feira do Livro de Lisboa de sempre arranca com nova cara
A caminhar a passos largos para os 100 anos, a Feira do Livro de Lisboa não parou no tempo. A 92.ª edição é a "maior de sempre" e não deixou para trás a preocupação com as questões ambientais.
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Aos 92 anos, a Feira do Livro de Lisboa nunca teve tantos participantes como agora. Com milhões de livros dispostos pelos 380 pavilhões e com 2.100 iniciativas já agendadas, o evento cultural, que arranca esta quinta-feira no Parque Eduardo VII, está agora mais sustentável do que nunca.
Pedro Sobral, diretor da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), explica à TSF que, nesta edição, houve uma "mudança de paradigma" relacionada com preocupações de sustentabilidade. Até pode dar a ideia que está menos colorida, mas é por muito boas razões. Além disso, ganhará muita vida e cor assim que abrir portas.
"Estávamos a precisar de dar uma nova cara à Feira do Livro de Lisboa. Acima de tudo, trazê-la um bocadinho para o século XXI". Se nas edições anteriores, eram utilizados cerca de 80 camiões TIR para montagens e desmontagens, este ano esse número caiu para 25.
"Tínhamos de encontrar uma forma de diminuir o transporte e toda a poluição que isso causa", sublinha o diretor da APEL. E a diferença está nas estruturas usadas nos pavilhões: "Estes expositores são apenas uma estrutura modelar que depois os editores montam como quiserem".
Essa mudança, sustenta Pedro Sobral, permitiu ganhos em três frentes: na utilização de materiais recicláveis; na redução dos camiões necessários e no tempo de montagem, o que se traduz numa diminuição da pegada de carbono e uma redução do material sobrante de cerca de 95%.
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Para o responsável da APEL, a Feira do Livro de Lisboa - "a maior de sempre" - é essencialmente um evento cultural: "É um dos poucos momentos, ao longo do ano, em que os editores e os seus escritores têm contacto direto com os leitores e têm contacto, acima de tudo, com pessoas que muitas vezes não leem."
"Toda a feira é montada como uma experiência para aqueles que gostam de livros se sintam confortáveis e venham, mas também para aqueles que ainda têm medo da leitura ou, por alguma razão, se afastaram dela, possam vir, falar com editores e escritores que têm capacidade para lhes mostrar o caminho para um livro que possa ser a sua porta de entrada", acrescenta.
Ucrânia como país convidado
A Ucrânia é o país convidado, com um stand onde vai poder comprar livros ucranianos e a assistir a diversas iniciativas. Pedro Sobral acentua que não se trata de política mas sim de criar uma "bolha" de cultura ucraniana. A ideia de dar um espaço à Ucrânia na Feira surgiu logo após a invasão da Rússia.
"Percebemos que tínhamos alguma coisa para fazer. Para já, porque temos contactos com a federação de editores ucranianos e sentimos a necessidade de dar aqui algum conforto. Imediatamente contactamos a Embaixada e disponibilizámos um espaço na Feira para o que quisessem".
Com o decorrer dos trabalhos, a ideia ganhou forma: "É claramente cultura, parte de relações pessoais, conhecemos editores ucranianos", reforça.
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Na edição deste ano, há também um mural diferente. "São, no total, 200 metros quadrados da obra que chamamos 'o universo dos livros', de Ana Aragão. Estamos a falar de um mural enorme com inúmeras referências a autores incontornáveis - Fernando Pessoa, Sophia de Mello Breyner, José Saramago, mas também citações, referências a ambientes", conta Joana Branco, da comunicação da Porto Editora. Nem todas as referências estão assinaladas: "O que queremos suscitar no nosso público é este interesse e que tentem encontrar as suas referências do seu imaginário literário", explica.
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A 92.ª Feira do Livro de Lisboa abre as portas às 18h00 desta quinta-feira e conta com a presença habitual do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. O evento decorre até dia 11 de setembro.