Crise no SNS. Partidos responsabilizam Governo e exigem respostas para os médicos
Depois da recusa de muitos médicos em fazer mais do que as 150 horas extraordinárias anuais, no Fórum TSF PSD, BE, IL, Chega e PCP apontam o dedo ao Executivo.
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O deputado do PSD Miguel Santos defende que é urgente rever o modelo de remunerações dos médicos e considera que falta vontade política para resolver os problemas no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
"O primeiro-ministro resguarda-se, não intervém fundamentalmente nestes problemas, e vai queimando ministros da Saúde - já vai no terceiro", ironiza, em declarações esta sexta-feira no Fórum TSF.
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"O envolvimento do primeiro-ministro seria importante para que todos percebam que é uma prioridade do país, de facto, conseguir equilibrar os sistemas e garantir que as pessoas têm acesso a cuidados de saúde", apela.
Para a para a deputada do Bloco de Esquerda Isabel Pires, o Governo não está a negociar de forma séria com os médicos.
"Alguma coisa de muito errado se está aqui a passar e esse diagnóstico tem sido feito e é muito simples: o Governo tem-se recusado a negociar seriamente com os profissionais de saúde para resolver esta situação e atrair mais profissionais de saúde para o SNS, porque objetivamente precisamos de mais médicos, precisamos de mais enfermeiros, e precisamos de valorizar as carreiras e isso significa falar."
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"Não podemos conceber um SNS em que, por exemplo, em Bragança temos médicos a fazer 1500 horas extra em setembro, ainda não chegamos chegar ao final do ano, quando o limite são 150 horas extra", condena Isabel Pires.
No entender da Iniciativa Liberal, as dificuldades do SNS resolviam-se com a lei de bases da saúde que a Iniciativa Liberal apresentou esta manhã no Parlamento.
"Estamos a apresentar a reforma do SNS e do sistema de saúde como um todo - o Sua Saúde - que permite dar autonomia aos hospitais e às instituições de saúde para poderem negociar e contratualizar isto com as partes", aponta Mário Amorim Lopes.
"O desgaste não vem só das condições financeiras, vem, de facto, da sobrecarga. Havendo a possibilidade de os hospitais contratualizarem nas condições devidas (...) isso vai certamente ajudar a resolver o problema."
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O representante da comissão executiva da Iniciativa Liberal defende ainda que a há mais formas de recompensar os médicos. "A remuneração não tem de ser necessariamente do ponto de vista financeiro, pode ser em espécie, por exemplo, disponibilizando mais tempo de investigação aos médicos, melhorando a sua carreira. Isso tem de ser negociado caso a caso."
Também o Chega entregou esta sexta-feira no Parlamento dois projetos com propostas para o SNS: "O primeiro, é que as pessoas que estão em lista de espera para além dos tempos máximos de resposta garantidos possam ser referenciadas para o atendimento no setor privado ou no setor social e o outro projeto de resolução que apresentamos é para aumentar a eficácia e produtividade do SNS nas zonas mais carenciadas de pessoal médico e pessoal de enfermagem", sublinha o deputado Pedro Frazão.
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Bernardino Soares, do comité central do PCP, responsabiliza o Ministério da Saúde pelos problemas que possam acontecer com a recusa dos médicos em fazer mais do que as 150 horas extraordinárias anuais obrigatórias.
"Não podemos é ir pelo caminho fácil de culpabilizar os médicos pela situação que está criada, porque o que acontecer, o que está a acontecer e o que vier a acontecer nas próximas semanas ou meses é da exclusiva responsabilidade do Ministério da Saúde."
"O Ministério da Saúde tem vindo a exigir um aumento da carga de trabalho" e rejeita "repor condições de carreira, de remuneração, de dignidade e respeito até pela profissão médica que têm sido exigidas pelos por pelos médicos e por outros profissionais na área da saúde."
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Ressalvando que "a luta dos trabalhadores é uma luta da qual nenhum trabalhador deve desistir", o socialista Luís Soares admite que o Governo, "também chegado a esta situação, deve avançar o mais rapidamente".
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"Já foi a Conselho de Ministros do diploma que vai estabelecer o regime da dedicação plena, estamos à espera da sua publicação para que, depois, no concreto dos administradores hospitalares, os responsáveis pelos centros de saúde possam implementar estes instrumentos de gestão que vão permitir, precisamente gerir melhor esses recursos."