Crise política "preocupa" líder da União das Misericórdias. Reposta às "dificuldades" exige "Governos estáveis"
O líder da associação que coordena e representa mais de 300 misericórdias no país assegura, na TSF, que a população sénior ocupa o topo das suas prioridades.
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O presidente da União das Misericórdias Portugueses (UMP), Manuel de Lemos, confessou esta quarta-feira que está preocupado com a instabilidade política em Portugal, em particular com a falta de "interlocutores credíveis" e a constituição de "Governos estáveis", que são essenciais para responder às "dificuldades" dos portugueses.
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No dia em que inicia o sexto mandato como líder da União das Misericórdias Portuguesas, Manuel de Lemos, que diz estar consciente das dificuldades que o país enfrenta, teme que os partidos não consigam unir-se para tomar decisões que importam a todos.
"No curto prazo, o que me preocupa mais é - olhando jornais, ouvindo a TSF -, ficar com a sensação de que vai ser difícil criar no Parlamento aparentemente maiorias claras, o que significa que podemos ficar muito tempo sem interlocutores credíveis e nós precisamos muito de interlocutores. Não é credíveis no sentido de terem poder, não é que as pessoas não sejam credíveis, mas é de os Governos estarem efetivamente constituídos, com o apoio forte e seguro do Parlamento, para que possam acolher a essas e a outras responsabilidades, que precisam de Governos estáveis, com capacidade de decisão e, pelo que eu ouço, pode vir a ser mais complicado e não tão evidente como há uns anos", conta, em declarações à TSF.
Manuel de Lemos afirma por isso que a prioridade para este novo mandato é fazer cumprir a missão que tem guiado a instituição há já 525 anos.
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"O mundo está em evolução. Temos de continuar a fazer aquilo que é tradicional, mas temos de olhar para vários fenómenos que estão a acontecer, por exemplo, esta explosão do envelhecimento. Temos de mudar o paradigma para o apoio domiciliário e conseguimos manter em casa as pessoas o mais tempo possível, depois criar respostas novas, como é o caso das habitações coletivas, e também os próprios lares, na medida do possível, ficarem ainda mais acolhedores e tratarem melhor e com mais dignidade as pessoas", explica.
A União das Misericórdias Portuguesas coordena e representa mais de 300 misericórdias no país e Manuel de Lemos assegura que a população sénior ocupa o topo das prioridades, afirmando que quer modernizar o apoio a estas pessoas e mudar paradigmas.
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"Queremos continuar a ajudar as pessoas e fazê-lo com instituições fortes, seguras e independentes, que possam ajudar a cumprir melhor essa missão", aponta, considerando ainda que "quanto mais fortes e independentes forem essas instituições", mais facilmente serão ultrapassadas as "dificuldades" que se fazem sentir.
"E há umas que porventura se podem vir a adivinhar, continuámos a cumprir a nossa missão de 525 anos, que é de continuar a ajudar os portugueses", garante.
Manuel de Lemos, que toma posse junto com os outros representantes dos órgãos sociais da UMP para 2024-2027, numa cerimónia em Lisboa, foi reeleito em 6 de dezembro com 225 votos.
A eleição dos órgãos sociais da UMP para 2024-2027 contou com a votação de 334 misericórdias, de um total de 387.
A UMP foi criada em 1976 para "orientar, coordenar, dinamizar e representar as Santas Casas de Misericórdia, defendendo os seus interesses e organizando serviços de interesse comum".
Manuel de Lemos é também presidente da Confederação Internacional das Misericórdias e da Confederação Portuguesa de Economia Social.