"Degradação" nas Misericórdias e eleições "condicionadas": as denúncias do opositor de Manuel Lemos
O adversário de Manuel Lemos lamenta, na TSF, que as eleições para provedor da União das Misericórdias tenham sido marcadas para 6 de dezembro e afirma que esta é "uma tentativa clara de condicionar" os resultados.
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A menos de um mês das eleições para a liderança da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), o provedor da Santa Casa de Pampilhosa da Serra avança com uma candidatura para destronar Manuel Lemos, por considerar que a instituição vive um clima de "degradação".
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António Sérgio Martins defende, em declarações à TSF, que é preciso devolver à instituição o verdadeiro sentido de missão e acabar com a "opacidade".
"O objetivo principal quando foi constituída a União das Misericórdias Portuguesas há quase 50 anos, que era o de representação das suas associadas, não está a ser feito e o que vemos é que, por opções que nós desconhecemos, a direção nacional está mais preocupada em trabalhar noutros tabuleiros", explica o provedor da Santa Casa de Pampilhosa da Serra.
Para o candidato à liderança da União das Misericórdias, as opções de Manuel Lemos parecem servir mais uma agenda própria. Sérgio Martins aponta igualmente que o atual presidente está em funções "há mais de 25 anos" e, por isso, não entende a falta de conhecimento em relação à "realidade do terreno".
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"Decorrido todo este tempo, já todos sabemos com o que contamos. Como é que é possível que alguém que ainda em setembro dizia aos órgãos de comunicação social que a situação era muito satisfatória e estávamos no caminho de acompanhar esse desiderato dos 50% [de custos suportados pelo Estado] e, 20 dias depois, vem dizer o seu contrário, isto é, se nada for feito, as misericórdias começam a fechar", questiona, acrescentado que este "quadro" já era conhecido "há quatro ou cinco anos".
O dirigente confessa estar preocupado com os sinais de "degradação" das várias misericórdias e revela que essa é a principal razão para se apresentar como candidato.
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"O que nos leva sobretudo a apresentar esta candidatura é a evidência da degradação a que as misericórdias nas suas comunidades estão a chegar. Se nada for feito no imediato, toda esta forma de ser e de estar destas instituições está em perigo", defende.
O provedor da Santa Casa da Pampilhosa da Serra destaca que "aquilo que é pago pelo serviço" que prestam, em nome do Estado, "não acompanha o objetivo e o compromisso que o próprio Estado assumiu, por escrito, de suportar 50% dos custos".
"Na nossa opinião, esta degradação tem sido mais evidente porque a nossa União das Misericórdias não tem feito o seu papel. Há aqui uma relação de opacidade e algum distanciamento e também desconhecimento daquilo que se passa no território e não tem tido a coragem e a determinação para dizer ao parceiro Estado que assim não conseguimos fazer este nosso papel como vínhamos a fazer até aqui", afirma.
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O adversário de Manuel Lemos lamenta ainda que as eleições para provedor da UMP tenham sido marcadas para 6 de dezembro, uma quarta-feira e não um sábado, como tem sido habitual. António Sérgio Martins entende que esta é uma forma de "condicionar" os resultados.
"As eleições são dia 6 de dezembro, estamos num histórico de uma instituição que existe há 50 anos, sempre fez as suas eleições ao sábado para permitir que todas as pessoas pudessem votar. Qual é o nosso espanto: este ano, marcam-nas para uma quarta-feira, à hora do almoço, numa tentativa clara de as condicionar, primeiro para que grande parte das misericórdias não exerçam o seu direito de voto, e, sobretudo, para que as pessoas não se sintam motivadas a participar", acusa.