"Dececionados." CIP lamenta que proposta do 15.º mês não avance e promete "continuar a lutar"
Em declarações à TSF, Armindo Monteiro sublinha que Portugal "não tem varinhas mágicas" e que, para crescer, é preciso "pagar melhores salários".
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Depois da recusa do Governo sobre a criação de um 15.º mês não taxado, a Confederação Empresarial de Portugal (CIP) lamenta esta terça-feira, no Fórum da TSF, que a medida não avance, considerando que "há uma confusão" entre aquilo que é uma proposta de aumento salarial e um bónus às famílias.
"Estamos dececionados que esta medida não avance, mas vamos continuar a lutar e não desistimos de mudar o paradigma", diz o presidente da CIP, Armindo Monteiro, acrescentando que Portugal "não tem varinhas mágicas" e, por isso, "pagar melhores salários" só será possível quando o país crescer."
Os patrões esclareceram ainda que a proposta não diz respeito "a um aumento salarial", mas sim "a um subsídio extraordinário para fazer face às dificuldades das famílias".
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"Não nos parece normal que querendo as empresas pagar ao trabalhador, seja o Estado a dizer 'não não, se eu não receber a minha parte, não autorizo que esse pagamento seja feito'", conclui Armindo Monteiro.
António Costa devolveu na segunda-feira o desafio à CIP de criar um 15.º mês "para todos os trabalhadores", afirmando que "qualquer coisa que seja reabrir debates sobre a Taxa Social é a última coisa que a sociedade portuguesa precisa e quer".
"A bola está do lado do Governo"
Também em resposta a António Costa - que na segunda-feira remeteu para negociações na concertação social a dimensão da redução do IRS em 2024 e assegurou que o Governo não travará um aumento do salário mínimo superior a 810 euros no próximo ano - a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) disse estar disponível para negociar "sem tabus", mas reforçou que quer uma resposta do Governo às 25 propostas das confederações patronais.
"Ninguém pensa que o Governo vai aceitar tudo aquilo que lá está. Nós podemos abrir discussão sobre o acordo de concertação social sem tabus, onde se pode discutir tudo (...), mas como se diria em termos populares, a bola está do lado do Governo", diz o presidente da CCP, João Vieira Lopes.
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"As empresas precisam de aumentar a competitividade, de baixar a carga fiscal. (...) O Governo tem algumas folgas orçamentais provocadas pela inflação e não as aproveitou totalmente", condena. "Temos abertura para uma discussão na concertação social sobre esses temas."