Proposta do Governo é "insuficiente" e BE diz ser "óbvio que o salário mínimo tem de aumentar"
Interrogada sobre qual a margem do BE para negociar com o Governo ao longo do próximo processo orçamental, Mortágua sugere que se pergunte aos profissionais de saúde e de educação qual tem sido a margem de negociação por parte do Executivo de António Costa.
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A coordenadora do Bloco de Esquerda afirmou esta quarta-feira que as suas propostas orçamentais para 2024 dirigem-se sobretudo à habitação, Serviço Nacional de Saúde (SNS) e aumento de salários, tendo reduzidas expectativas sobre a abertura negocial do Governo.
Esta posição foi transmitida por Mariana Mortágua em declarações aos jornalistas, na Assembleia da República, depois de ter estado reunida com a secretária-geral da CGTP-IN, Isabel Camarinha, que defende que a prioridade "é o aumento significativo de todos os salários".
"Temos uma proposta de no mínimo 15%, com pelo menos 150 euros para todos os trabalhadores em 2024, o que tem consequências no salário mínimo e na proposta que apresentamos e a proposta que fazemos para o salário mínimo é que ele atingia os 910 euros em janeiro e que durante o ano de 2024 vá até aos mil euros", explica Isabel Camarinha.
Na sexta-feira, o Governo apresenta aos partidos com representação parlamentar o cenário macroeconómico para o próximo ano e até terça-feira entrega na Assembleia da República a proposta de Orçamento do Estado para 2024.
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"O Bloco de Esquerda vai apresentar propostas de alteração ao Orçamento do Estado [para 2024] com uma direção muito clara e que pretendem resolver problemas incontornáveis na sociedade portuguesa, com soluções para a habitação, para o Serviço Nacional de Saúde e para os salários. Essas não têm sido as escolhas do Governo, mas são as propostas que vamos apresentar e lutaremos por elas", declarou Mariana Mortágua.
A líder do BE destaca que o aumento salarial proposto pelo Governo é "insuficiente para fazer face à perda do poder de compra" e, por isso, exige que o valor seja aumentado.
"As contas são simples. Os preços aumentaram muito, quem paga uma renda pode estar hoje a pagar mais 50% do que pagava. Um salário mínimo não paga uma renda de casa, que é o mais básico e, por isso, é hoje óbvio que o salário mínimo tem de aumentar e que o aumento do salário mínimo é a base para podermos começar a falar sobre aumentos salariais", defende, afirmando ainda que é "preciso mais do que isso".
"É preciso aumentar os salários médios. Quando o Governo aceitou fazer um acordo com as grandes empresas, em que o aumento salarial é facultativo, e nem sequer chega para compensar a inflação, o que o Governo está a dizer ao país é que não tem como assegurar o aumento de salários médios", considera.
Interrogada sobre qual a margem do Bloco de Esquerda para negociar com o Governo e a maioria absoluta do PS ao longo do próximo processo orçamental, a coordenadora do Bloco de Esquerda começou por sugerir que se pergunte aos profissionais de saúde e de educação qual tem sido a margem de negociação por parte do Executivo de António Costa.
"O Governo não tem tido margem de negociação. Temos um Governo que é incapaz de negociar para garantir os principais serviços públicos do país. E essa é sua a grande debilidade e incapacidade para dar respostas na saúde, habitação, na educação e também impostos", declarou.
Perante a insistência dos jornalistas neste ponto relativo a eventuais conversações entre Bloco de Esquerda e Governo em relação ao Orçamento para 2024, Mariana Mortágua desvalorizou esse cenário puramente político: "As negociações que interessam ao país são aquelas que vão salvar o SNS com os profissionais de saúde, aquelas que vão salvar a escola pública com os profissionais da escola pública."
"A margem negocial que deve existir é aquela que salva o SNS e aquela que salva a escola pública - e essas são propostas que o Bloco vai apresentar", insistiu, antes de fazer novo ataque ao Executivo.
"A resposta que o Governo deu é que não era um Governo de médicos e que não podia responder às reivindicações dos professores. No caso dos professores, fez até grandes tentativas de pôr o país contra os professores", observou.