"Deixa-me as maiores dúvidas." Lobo Xavier critica solução de Governo encontrada na Madeira
O antigo dirigente do CDS destacou também que as eleições clarificaram a recusa do PSD em governar com o Chega.
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O antigo dirigente do CDS António Lobo Xavier criticou, no programa da TSF e CNN Portugal O Princípio da Incerteza, este domingo, a solução de Governo encontrada na Madeira e assume que preferia que a coligação PSD/CDS, que venceu as eleições, governasse com a Iniciativa Liberal. Para o comentador o PAN é um partido radical.
"Obviamente preferia que o apoio à solução de Governo tivesse sido outro, tivesse sido um partido que não me levantasse dúvidas sobre o modo como olha vários setores da vida portuguesa, da agricultura, do mundo rural. Este partido deixa-me as maiores dúvidas e não acho uma grande ideia. Admito que haja circunstâncias na Madeira e até relacionamentos pessoais que explicam isto. Pelo que vi, o que o Governo regional vai dar ao PAN é pouco significativo. Há um cheque dentista para gatos, coisas desse tipo. São, apesar de tudo, coisas que tolero, mas não gosto dessa companhia nem desse tipo de solução, mas que há governo estável para quatro anos numa coligação PSD/CDS, isso existe na Madeira", confessou António Lobo Xavier.
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Lobo Xavier destacou também que as eleições clarificaram a recusa do PSD em governar com o Chega. E José Pacheco Pereira salientou que o grande vencedor da noite eleitoral da semana passada foi o PSD, mas defendeu que as declarações de Miguel Albuquerque, de que não iria governar a Madeira se não tivesse maioria absoluta, deviam ter consequências.
"Ninguém mandou Miguel Albuquerque fazer a promessa que fez, claríssima, explícita, antes e acho que tem de haver uma penalização para estas coisas, ou seja, ele disse que só governava com maioria absoluta. A fórmula não era "vou tentar arranjar um Governo de maioria absoluta", mas "só governo com maioria absoluta". Isto é um fator de descrédito da vida política. Não precisava de o dizer, tanto mais que o Chega aumentou a votação e aumentou o número de deputados. Os pequenos partidos, Chega, PCP e Bloco de Esquerda, recuperaram posições. A Iniciativa Liberal teve também um resultado e, portanto, há uma fragmentação do sistema político na Madeira que não existia antes e que passa existir agora", lembrou Pacheco Pereira.
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Já Alexandra Leitão concorda com Pacheco Pereira sobre a atitude de Miguel Albuquerque em relação a governar se só tivesse maioria. Para a antiga ministra do PS, esta atitude foi mais "um prego na credibilidade dos políticos" e aponta a hipótese perdida do balão de ensaio de um governo de direita com a Iniciativa Liberal. A comentadora vê o acordo de incidência parlamentar entre o PSD/CDS e PAN como apenas uma soma de deputados.
"Traz um bocado aquela ideia de que o que é preciso é uma aritmética em que 23 + 1 dá 24 e 24 é uma maioria absoluta de deputados e não se percebe muito bem o que é que cose, o que é que ata, o que é que junta em termos de programa, em termos de ideias, estes dois partidos, estes deputados. Com a agravante, que não ajudou, de termos visto um CDS Madeira profundamente incomodado com a forma como o acordo se fez e Nuno Melo expressamente incomodado, uma vez que, salvo erro, fez uma carta a dizer que não era esta a expectativa que tinha para a evolução do acordo da Madeira. Tinha já dito aqui há uns tempos que a Madeira podia ter uma extrapolação interessante para o nacional e tem, mas não me parece que tenha sido muito feliz para este espetro PSD, CDS, Iniciativa Liberal, etc., e aquilo que pode ser um acordo futuro", acrescentou Alexandra Leitão.
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