Moradores do Farol e dos Hangares dizem que horas antes de começarem a receber as notificações tiveram a garantia do gabinete do primeiro-ministro de que o assunto ia ser estudado.
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Os moradores do Farol e dos Hangares ficaram estupefactos com a notícia de que no final de outubro começam a ser demolidas 81 casas ilegais nestes dois núcleos habitacionais da Ria Formosa.
À TSF, o presidente da Associação de Moradores dos Hangares diz que foram enganados e que começaram quarta-feira a receber as notificações. Os afetados têm de abandonar as casas até 26 de outubro.
José Levezinho garante que depois de mais um protesto, horas antes os moradores tinham sido informados pelo assessor do primeiro-ministro que o assunto ainda estava a ser estudado e tudo ia ser falado com quem vive na zona.
As 81 casas a demolir no Farol e nos Hangares representam cerca de um terço das habitações destes dois núcleos de construções ilegais na ilha da Culatra.
Vanessa Morgado, moradora do Farol e representante do movimento SOS Ria Formosa, aplaude a decisão de não avançar com demolições em massa, mas também está contra as 81 demolições agora anunciadas, sobretudo porque também conta que horas antes receberam a garantia do gabinete de primeiro-ministro de que o assunto estava a ser estudado.
Do lado da Associação de Moradores da Culatra, outra das zonas que chegou a ser ameaçada por demolições, a presidente fica satisfeita com a notícia de que nenhuma casa irá por abaixo, apesar de estar solidária com os moradores do Farol e Hangares.
A Culatra é o maior aglomerado da zona e por ali vivem mil pessoas que estão agora na expectativa para saber em que moldes o governo vai legalizar as casas.
Ministro garante que primeiras habitações "não serão demolidas"
Confrontado com as notificações recebidas por 81 proprietários, o ministro do Ambiente garante que as casas que configurem casos de primeiras habitações não vão ser demolidas. João Matos Fernandes admite que pode haver erros no caso das notificações que já foram feitas, mas o governante diz que essa é uma situação reversível.
"Apesar do levantamento ser muito atualizado, admito, como é absolutamente normal, que possa haver mais alguns casos de primeira habitação, por isso é que se enviou uma carta com um mês de antecedência. E, aquelas que forem, de facto, primeira habitação, podem dizer que o são e, se comprovadamente o forem, não serão demolidas", afirmou o ministro, no final da reunião do Conselho de Ministros.
Aos jornalistas, Matos Fernandes confirmou ainda que recebeu o pedido do grupo parlamentar do PCP para uma audição parlamentar com caráter de urgência, sublinhando ter "todo o gosto" em responder perante dos deputados.