No Centro de Alojamento de Emergência Social de Faro chegam cada vez mais pessoas que não conseguem pagar uma habitação.
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Ouvem-se vozes de crianças no corredor. Neste Centro de Alojamento de Emergência Social (CAES) foram acolhidas pessoas e famílias a quem a vida trocou as voltas. Uma delas é Joana.
Esteve dois meses a viver numa tenda com as filhas de 4 e 7 anos à espera de uma casa, que nunca conseguiu arranjar. Foi obrigada a pedir ajuda e está naquele centro há um ano. Joana, mãe solteira, tem emprego, mas o que ganha não chega para pagar uma habitação.
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Trabalha numa creche através de um programa do Instituto de Emprego e Formação Profissional. Em dezembro, começará a receber o salário mínimo, mas mesmo assim não será fácil.
Fábio Simão, coordenador do Movimento de Apoio à Problemática da Sida (MAPS), associação que gere este CAES, refere que ultimamente têm ali chegado pessoas que são desalojadas das suas casas. "São famílias monoparentais, que têm crianças, têm trabalho, ganham o ordenado mínimo nacional, mas nos tempos que correm e na nossa região isso não basta para arranjar habitação", explica.
Este Centro de Alojamento, onde residem agora 30 pessoas, entre elas 10 crianças, dá resposta à linha 144 da Segurança Social. Recebe, por exemplo, vítimas de violência doméstica, mas também vítimas de situações de pobreza às quais é necessário dar resposta urgente.
Rita está há um mês e meio neste Centro de Alojamento com os 2 filhos de 13 e 7 anos. Não gosta de dar pormenores sobre o que a levou até ali. "A vida foi madrasta e perdi tudo", conta. Perdeu emprego e casa e, embora ande à procura de trabalho, tem que recusar os que se apresentam com horários aos fins de semana. Não tem ninguém que fique com os filhos.
O Centro de Alojamento fica fora da cidade, afastado das outras residências, tem muros altos e só lá entram os técnicos e os utentes. Apresenta todas as condições: salas de convívio, refeitório, quartos para famílias.
Mas para os filhos de Rita não tem sido fácil a adaptação. Quando vêm da escola voltam para uma casa que não é sua. "Foi bastante difícil chegarem aqui e não terem os seus brinquedos, as comodidades que tinham em casa."
O objetivo dos técnicos que ali trabalham é integrar o mais possível e dar um rumo de vida a estas pessoas. "Temos uma das melhores taxas de integração do país, é de 38%", diz satisfeito Fábio Simão.
A pobreza apanhou Rita e Joana, mas estas duas utentes do Centro de Alojamento de Emergência Social só pensam em refazer a vida e voltar a ter casa própria. "Não é esta a vida que quero para mim", garante Rita. E Joana acrescenta "Eles [centro] para mim têm sido cinco estrelas mas, se eu estou desejando ter a minha casa, estou."