Maria José Vicente, coordenadora nacional da Rede Europeia Anti-Pobreza, aponta as famílias numerosas e as crianças e jovens como a população mais vulnerável à pobreza.
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As medidas do Governo para combater a pobreza são reativas e não preventivas e são insuficientes. O alerta é de Maria José Vicente, coordenadora nacional da Rede Europeia Anti-Pobreza, que afirma que a pobreza aumentou em Portugal.
"As pessoas estão a viver pior, as condições de vida estão piores devido ao aumento do custo de vida. Apesar de termos tido algumas medidas implementadas pelo governo, não forma suficientes . É também de realçar que as medidas têm sido reativas e não preventivas. É preciso ter presente as causas efetivas da pobreza e que se possam definir estratégias que vão às causas estruturais da pobreza", afirma a coordenadora nacional da Rede Europeia Anti-Pobreza.
Maria José Vicente aponta as famílias numerosas e as crianças e jovens como a população mais vulnerável à pobreza. "Não estamos a valorizar a natalidade, é preciso apostar numa conciliação entre a vida familiar e profissional, ainda mais quando estamos a atravessar um inverno demográfico. Em relação às crianças, que apresentam as maiores taxas de pobreza, as crianças estão inseridas em famílias em situação de pobreza e a intervenção, mais uma vez, passa pela família, pela necessidade de intervir tendo por base a família. Estas crianças estão numa situação de pobreza porque estão em agregados sem rendimentos e também há a questão da habitação, que coloca famílias e crianças numa situação muito frágil."
A coordenadora nacional da Rede Europeia Anti-Pobreza sublinha ainda que vivemos tempos em que não chega trabalhar e ter um emprego para conseguir uma vida melhor.
"As pessoas consideram que uma das vias para combater a pobreza e a exclusão social é pela via do emprego, mas temos cerca de 12% dos trabalhadores que estão em situação de pobreza de exclusão. Não basta apostar no modelo económico ou aumentar os rendimentos, é preciso olhar para a pessoa nas suas diferentes dimensões, é necessário aumentar o salário mínimo e o salário médio para acompanhar o aumento do custo de vida, mas não é só pela vida do emprego e monetária que as pessoas poderão sair da situação de exclusão social."
Assinala-se, esta terça-feira, o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza.