Desconfinamento ajudou vítimas a fugir da violência doméstica. Pedidos de ajuda duplicaram
A pandemia pode ter escondido a realidade, com os agressores a substituir a violência fisica por agressões verbais, psicológicas e sexuais.
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Os pedidos de ajuda à Rede Nacional de Apoio a Vítimas de Violência Doméstica (RNAVVD) duplicaram desde o início do desconfinamento.
Isto depois de as queixas por violência doméstica às autoridades policiais terem caído quase 10% no primeiro trimestre do ano face ao período homólogo de 2019.
Com o fim do confinamento devido à pandemia de Covid-19, a possibilidade de saírem de casa ou a ausência do agressor permitiu às vítimas pedir ajuda.
"Tivemos um aumento muito grande, para o dobro, da procura de ajuda na RNAVVD a partir do momento em que houve medidas de desconfinamento. Passámos de uma média de 2500 atendimentos por quinzena para 4500 por quinzena", diz a secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade, Rosa Monteiro, citada pelo Jornal de Notícias.
Segundo a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), a pandemia pode ter escondido a realidade, com os agressores a substituir a violência física por "um tipo de violência mais silenciosa", com agressões verbais, psicológicas e sexuais, para evitarem chamar a atenção dos vizinhos.
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De acordo com as estatísticas oficiais divulgadas esta quinta-feira pelo gabinete da ministra de Estado e da Presidência, Polícia de Segurança Pública (PSP) e Guarda Nacional Republicana (GNR) receberam 6.347 participações de violência doméstica nos primeiros três meses do ano, menos 9,1% do que as 6.980 participações do período homólogo de 2019.
O número de homicídios em contexto de violência doméstica também baixou significativamente no período em análise, sendo o homicídio de mulheres que regista a maior quebra percentual na comparação do primeiro trimestre de 2020 com o de 2019, com um decréscimo de 60% (de 10 homicídios para quatro).