Desinformação com Inteligência Artificial sobre morte de Charlie Kirk atingiu Portugal

Charlie Kirk, aliado próximo do Presidente Trump, morreu no dia 10 de setembro após ser baleado num evento na Universidade de Utah Valley, nos EUA
Chandan Khanna/AFP
“Nos dias após o assassinato do ativista de extrema-direita Charlie Kirk nos Estados Unidos da América, imagens manipuladas começaram a espalhar-se nas redes socais, muitas vezes relacionadas à identidade do agressor”, segundo relatório
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A campanha de desinformação gerada com Inteligência Artificial (IA) sobre o assassinato do ativista Charlie Kirk afetou Portugal em setembro, concluiu esta quinta-feira um relatório do Observatório Europeu dos Meios de Comunicação Digitais (EDMO).
Segundo o relatório mensal do EDMO, dos 1517 artigos intercetados pelas 33 organizações que constituem a rede de verificação de factos, 134 (9%) centraram-se na desinformação relacionada com a Ucrânia e 107 (7%) sobre desinformação relacionada com a imigração.
Além disso, 100 (7%) eram desinformação referente à União Europeia (UE), 78 (5%) sobre o conflito entre Israel e o Hamas, 65 (4%) eram desinformação relacionada com as alterações climáticas, 42 (3%) sobre a Covid-19 e 20 (1%) sobre questões LBGT+ e de género.
No mês passado, a percentagem de notícias falsas que utilizam conteúdo gerado por IA manteve-se, correspondendo a 10% (145) do total.
“Nos dias após o assassinato do ativista de extrema-direita Charlie Kirk nos Estados Unidos da América, imagens manipuladas começaram a espalhar-se nas redes socais, muitas vezes relacionadas à identidade do agressor”, explicam os autores do relatório.
Esta campanha de desinformação com imagens falsas afetou Portugal no mês passado.
A 13 de setembro, a Lusa Verifica noticiou que as redes sociais não perderam tempo a tentar encontrar o assassino de Charlie Kirk, através de teorias da conspiração, vídeos enganadores e inocentes apontados como suspeitos.
O ativista conservador Charlie Kirk, aliado próximo do Presidente Donald Trump, morreu no dia 10 de setembro após ser baleado num evento na Universidade de Utah Valley, nos EUA.
Na altura, o acontecimento levou a que várias empresas responsáveis por redes sociais e plataformas digitais tomassem medidas para eliminar os vídeos que inundaram o ambiente virtual e que captaram o momento em que o ativista foi baleado.
Portugal também registou desinformação sobre as eleições da Moldova e sobre a flotilha humanitária Global Sumud.
Em setembro, a Lusa noticiou que Portugal e Espanha foram visados por desinformação online sobre a dimensão da frota da flotilha Global Sumud, no mês de setembro.
Segundo o relatório do EDMO, “em setembro, verificou-se um aumento de dois pontos percentuais nas notícias falsas relacionadas com a guerra na Ucrânia. Ao mesmo tempo, a desinformação relativa à imigração e à União Europeia aumentou um ponto percentual”.
O aumento de conteúdo falso sobre a guerra na Ucrânia pode ser atribuído a vários fatores, como os incidentes envolvendo drones que sobrevoaram países da UE, bem como as eleições na Moldova e República Checa que foram “alvo de campanhas de desinformação pró-Rússia”.
“A UE foi retratada como uma ditadura antidemocrática que censura a liberdade de expressão e cancela eleições. A escalada da guerra na Ucrânia também alimentou a narrativa que retrata a UE e os seus países como os belicistas”, segundo o relatório.
Durante o mês de setembro, os verificadores de factos do EDMO registaram um aumento na circulação de conteúdo desinformativo direcionada não só a refugiados ucranianos, mas também a imigrantes e estrangeiros.
O fim do verão ficou também marcado por uma diminuição substancial da desinformação sobre alterações climáticas, enquanto os restantes temas se mantiveram.
