Dificuldade em atrair "candidatos com mérito" leva ao aumento do recrutamento "por escolha" na administração pública
A falta de candidatos com mérito tem levado a um aumento do recurso à exceção da lei, que permite ao Governo, escolher diretamente um dirigente, depois de falhados dois concursos de recrutamento.
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A Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (Cresap) está com "dificuldades em atrair candidatos com mérito". O Jornal de Negócios escreveu esta quinta-feira que, por exemplo, para o cargo de Presidente do Instituto da Segurança Social houve nove candidatos, mas nenhum reuniu os critérios adequados, tendo sido selecionada a economista Ana Vasques, "por escolha".
Em circunstâncias normais, a Cresap procede a uma pré-seleção e define três potenciais vencedores. No entanto, sempre que "não haja um número suficiente de candidatos" deve "a Comissão proceder à repetição de aviso de abertura referente ao procedimento concursal".
Caso o resultado seja o mesmo, então "pode o mesmo do Governo competente proceder a recrutamento por escolha". Foi o que aconteceu com Ana Vasques, mas também com José Vidrago, presidente do Conselho Diretivo do Instituto de Gestão de Fundos de Capitalização da Segurança Social.
O Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social afirma, citado pelo Jornal de Negócios, que em ambos os casos não houve um número de candidaturas "adequadas".
Na quarta-feira, o presidente da Cresap, Damasceno Dias, defendeu em Assembleia da República tratar-se de "um problema não de seleção, mas sim de recrutamento". "As pessoas já não consideram atrativas hoje função de dirigente", disse.
Em 2022, o relatório da Cresap já dava conta das dificuldades em "atrair candidatos com mérito" e da diminuição "do número médio de candidatos por concurso".