Diocese de Lisboa revela esta sexta-feira medidas a aplicar a alegados abusadores
O bispo auxiliar de Lisboa recusa a ideia de que os bispos das várias dioceses possam apenas perdoar abusos e seguir em frente.
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A comissão diocesana de Lisboa que vai analisar a lista de alegados abusadores na Igreja Católica conta revelar ao cardeal-patriarca, esta sexta-feira, as "o que deve fazer e relação a cada uma das pessoas que estão na lista".
Em declarações aos jornalistas, o bispo auxiliar de Lisboa, Américo Aguiar, assinalou que a lista em questão só chega à comissão esta quinta-feira, que vai ainda reunir-se para a analisar.
"Lisboa fará tudo o que tem de fazer para corresponder à heroicidade de homens e mulheres que tiveram a coragem de fazer as denúncias", garantiu, adiantando desde já que vai sair desta comissão porque, tal como indicou a Conferência Episcopal Portuguesa, esta deve ser composta apenas por leigos.
Questionado pela TSF sobre o que acontecerá a bispos que, nas suas dioceses, optem por não tomar medidas sobre a lista de nomes que lhes foi revelada, Américo Aguiar garantiu que tal não deve acontecer porque estes têm de seguir as recomendações.
"Cada bispo tem a responsabilidade de tratar a lista convenientemente, de acordo com as recomendações" transmitidas pela Conferência Episcopal Portuguesa e pela comissão independente.
"Não tenho outra expectativa e outra certeza que não seja que cada diocese e cada bispo fará o que tem de fazer para corresponder também a esta expectativa. Aceito que os timings sejam diferentes, mas haverá um momento em que as 21 dioceses se terão pronunciado e publicitado os seus procedimentos", assinalou.
"No café, quer dizer que foram suspensos"
Américo Aguiar quis também deixar claro que a Igreja não deve "utilizar a linguagem suspensão, mas proibição do exercício público do ministério", embora tenha também admitido que as expressões "querem dizer a mesma coisa".
O bispo auxiliar de Lisboa apoia-se no artigo 62.º do "vademecum" divulgado pelo Vaticano, com procedimentos para o tratamento de casos de abuso sexual de menores cometidos por clérigos.
No ponto em questão, o Vaticano assinala que "é bom" evitar as designações "suspensão a divinis" e "suspensão ad cautelam" para referir o afastamento de padres "como medida cautelar".
"Na legislação em vigor a suspensão é uma pena e, nesta fase, ainda não pode ser imposta. A forma correta para designar tal disposição será, por exemplo, proibição do exercício público do ministério", lê-se no documento oficial.
Feito o esclarecimento, Américo Aguiar acabou por reconhecer que, "se significa que pessoa A, B ou C devem ser afastadas do exercício publico do ministério, elas serão. No café isto quer dizer o quê? Quer dizer que foram suspensas".