
João Girão/Global Imagens
O Presidente da República disse hoje que as afirmações do presidente da Comissão Europeia de que Portugal se opôs à discussão do alívio da dívida pública grega antes das legislativas "não corresponde absolutamente nada" às informações de que dispõe.
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"Não corresponde absolutamente nada àquilo que eu tenha informação e repito: o que múltiplos chefes de Estado e de Governo da Europa têm afirmado é que não há redução monetária da dívida, se há qualquer coisa nova que aconteceu hoje ou ontem [terça-feira] e que o senhor Juncker anunciou o que posso dizer é que isso não corresponde aos documentos que foram aprovados e que me têm chegada à mão", afirmou o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva.
Cavaco Silva respondia em Mafra a questões dos jornalistas sobre a entrevista ao presidente da Comissão Europeia, publicada hoje no diário belga Le Soir, no qual Jean-Claude Juncker revela que Portugal se opôs a que um alívio da dívida pública grega fosse discutido antes das eleições legislativas.
"Penso que se a afirmação é essa faz pouco sentido, porque no documento que foi aprovado diz que não haverá redução monetária da dívida", disse o chefe de Estado, que falava com a comunicação social em Mafra, no final de uma visita à Escola de Armas.
Insistindo que vários líderes europeus já afirmaram "categoricamente" que não haverá perdão da dívida, Cavaco Silva ressalvou que o que poderá existir é a extensão dos prazos de amortização e a redução dos juros e não "uma reestruturação da dívida no sentido da diminuição do valor monetário da dívida".
Pois, continuou, nenhum chefe de Estado ou de Governo quer neste momento chegar ao seu próprio país e anunciar aos contribuintes - "alguns com rendimentos muito mais baixos e per capita do que a Grécia" - que têm de pagar mais para a Grécia não satisfazer os seus compromissos em termos de reembolsos.
"O que não quer dizer que mais tarde - por aquilo que já foi dito - não se pense na extensão dos prazos, na redução do pagamento de juros, mas isso é coisa diferente", acrescentou.
Em qualquer caso, frisou, esta questão "não tem qualquer relação com eleições em Portugal, em Espanha ou em qualquer outro país".
O primeiro ministro também rejeitou as críticas de Juncker. Pedro Passos Coelho disse hoje em Lisboa que o que estava previsto era que as negociações ocorressem no final de outubro: "Essas negociações aconteceriam sempre depois das eleições em Portugal.
Numa entrevista focada nas longas negociações com a Grécia, que segundo o presidente do executivo comunitário só terminaram com um acordo devido ao "medo", Juncker, questionado sobre a questão da (in)sustentabilidade da dívida grega, revelou que, pessoalmente, pretendia que uma discussão sobre a questão tivesse ficado desde já agendada para outubro, ideia que mereceu a oposição de Irlanda, Espanha e Portugal.?