Pedro Capitão, CEO de Hospitality da Sonae Capital, lidera há oito anos esta área do negócio do grupo. Fala da bazuca europeia como oportunidade única para o país, agora com estabilidade de um governo maioritário para os próximos quatro anos, mas considera dramático não haver ainda uma decisão definitiva sobre novo aeroporto.
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"Estes últimos dois anos ajudaram-nos a comprar tempo", afirma o CEO da Hospitality da Sonae Capital, quando questionado sobre o impacto do atraso na decisão para a localização do projeto do novo aeroporto na atividade hoteleira.
Para Pedro Capitão, é uma decisão adiada provavelmente há 30 anos e três ou quatro anos não são suficientes para desenvolver um projeto desta dimensão, com a agravante de se continuar a desconhecer a localização.
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Desde que assumiu a liderança da área de hospitality do grupo, tem vindo sistematicamente a ser questionado sobre esta questão e afirma que sublinha sempre a importância do projeto, mas na verdade não se tomou nenhuma decisão. "Eu sou um recém-chegado ao setor... e o dramático é não se tomar esta decisão".
Quanto à vida da empresa, fala ainda do primeiro ano da pandemia, em que a faturação desta área de negócio caiu cerca de 60%, mas em 2021 cresceu 40% face a 2020 e faturou 15,5 milhões de euros à boleia da procura nacional e, em cidades como o Porto, conseguiu ter uma operação relativamente estável.
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O grupo inaugurou esta semana o Hotel The Editory Riverside, situado na estação de Santa Apolónia, uma das mais antigas estações de comboios do país e ponto de passagem para milhões de pessoas todos os anos, que pretende conquistar viajantes de todo o mundo, mas ainda sem muitas reservas expressivas.
Pedro Capitão afirma mesmo que estão a constituir ainda a sua carteira e, em simultâneo, a viver um momento de poucas reservas, em função do pouco movimento dos dois últimos meses. Um período particular, mas com expectativas de recuperação rápida do setor hoteleiro após o 1.º trimestre de 2022 face ao orçamentado e tendo em conta a recuperação significativa do tráfego aéreo em torno dos 70% face ao registado em 2019.
O diretor de hotelaria da Sonae Capital está convicto que o alívio às restrições para quem chega a Portugal vai ajudar a recuperação do setor, estimando que, para este ano, Portugal recupere boa parte do tráfego aéreo registado no passado e que representou uma subida de 50% já em 2021 face a 2019, " o que já dará para ter uma rentabilidade positiva."
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Lembra ainda que, por norma, até 2019 cerca de 2/3 dos turistas que visitavam o nosso país eram estrangeiros, fosse para turismo de cidade, lazer, sol e mar, o que significava cerca de 80% dos hóspedes do grupo em especial na cidade do Porto.
O responsável admite que o turismo nacional compensou parte da quebra nos últimos dois anos, mas considera que o país continua dependente do tráfego internacional, sobretudo europeu.
Com o objetivo de ter 12 hotéis até 2024, dez em espera, garante que a última vaga de Covid-19 não afetou o calendário de investimentos previstos, pela estratégia de reabertura faseada no tempo, incluindo duas novas unidades no Porto a inaugurar até abril, as operações sazonais abrir até junho e uma renovação em Troia. Motivos que levam Pedro Capitão a dizer que não houve ainda necessidade de rever metas, ou objetivos, "até pela carteira de reservas, que é sensivelmente o dobro que tinham o ano passado, o que é sinal positivo", não esperando uma recuperação consolidada antes de 2023-24.
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A falta de mão-de-obra é desafio constante do setor, mas a empresa espera recrutar 300 pessoas este ano, incluindo posições sazonais para Troia e Algarve.
A nível de formação e de apoio a eficiência de processos de suporte à operação, nomeadamente em backoffice, está a analisar um projeto a concretizar em três anos e avaliado em mais de 2 milhões de euros, inserido no âmbito do consórcio europeu de inovação que junta Sonae Capital e casa-mãe a um grupo de 47 parceiros de 15 países com um financiamento global de 25 milhões de euros para a criação de laboratórios de sustentabilidade e que pode transformar a própria sede do grupo na Maia, num laboratório vivo de inovação.