"É inadmissível." PCP critica Pizarro por romper negociações com médicos "de forma unilateral"
Paulo Raimundo lembra que, por decisão do Presidente da República, o Governo ainda está em funções.
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O secretário-geral do PCP critica o ministro da Saúde por ter terminado o diálogo "de forma unilateral" com os sindicatos médicos. À porta do Hospital de Santa Maria, onde os médicos da FNAM cumprem esta terça-feira o primeiro de dois dias de greve, Paulo Raimundo diz que não compreende a decisão de Manuel Pizarro, uma vez que o Governo, apesar da crise política, está em plenas funções.
"A decisão de acabar as negociações de forma unilateral por parte do ministro é inadmissível. E não vale a pena vir argumentar que estamos num Governo com dificuldades, que está em pré-demissão. Por decisão do Presidente da República, o Governo está em funções e vai estar em funções durante demasiado tempo", defende.
Para Paulo Raimundo, "os tratamentos e as consultas em falta não esperam, as condições de trabalho e de valorização dos profissionais não podem esperar quatro meses".
"É preciso resolver os problemas hoje, estamos numa situação dramática do ponto de vista de acesso ao SNS e estamos numa situação em que se está a caminhar a largos passos para o desmantelamento do SNS e para entregar uma parte importante do SNS ao negócio da doença", sublinha.
A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) promove esta terça e na quarta-feira greves e manifestações e convida a população a juntar-se aos protestos em Lisboa, no Porto e em Coimbra, em defesa do Serviço Nacional de Saúde.
Estão previstas concentrações esta terça-feira de manhã junto ao Hospital de São João (Porto), no Hospital da Universidade de Coimbra e no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
As negociações entre o Ministério da Saúde e os sindicatos iniciaram-se em 2022, mas a falta de acordo tem agudizado a luta da classe, com greves e declarações de escusa ao trabalho extraordinário além das 150 horas anuais obrigatórias, o que tem provocado constrangimentos e fecho de serviços de urgência em hospitais de todo o país.