"É muito pouco provável" que nova variante do vírus da Covid seja motivo de preocupação
Virologista Pedro Simas assinala que a pandemia permitiu construir imunidade de grupo e que o aparecimento de novas variantes "faz parte da normalidade" dos coronavírus.
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Chama-se XBB.1.16, também conhecida por "Arcturus", é a nova variante do SARS-CoV-2, o vírus responsável pela Covid-19, e está a captar as atenções dos especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Para já, é responsável por um pico de infeções na Índia, que na primeira semana de abril registou, de acordo com dados da OMS, 61.499 casos, um aumento de 80,8% face ao período homólogo anterior.
Em declarações à TSF, o virologista Pedro Simas aponta que, para já e do que se sabe, o caso não justifica preocupação, mas merece ser vigiado.
"São variantes que aparecem normalmente, já aparecem nos outros coronavírus, é essa a dinâmica", e se há dois anos o conhecimento sobre o SARS-CoV-2 provocava "um grau de incerteza", agora que passou a pandemia e foi possível estudá-lo, "é muito pouco provável que as variantes que apareçam agora fujam ao comportamento típico, que é um com o qual não temos de preocupar-nos".
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O especialista explica que estes vírus "causam uma imunidade na população - imunidade de grupo, se quisermos - muito boa em termos de proteção contra a doença grave e depois circulam na população causando infeções respiratórias a que chamamos constipações comuns".
Atualmente presente em 29 países, é em especial na Índia que a XBB.1.16 vai ganhando terreno, mas Pedro Simas rejeita que isso possa torná-la peculiarmente perigosa: aliás. na generalidade, explica, as infeções por novas variantes não estão a transformar-se em hospitalizações nem em "problemas de saúde pública".
"Depois de ter passado a pandemia e termos confirmado quase, quase, quase a 100% - mas não a 100% - que este vírus se comporta como os outros coronavírus endémicos respiratórios", o surgimento de novas variantes deixa de causar tanta preocupação.
"Não são mais virulentas, até porque já temos a imunidade e tudo o mais. Faz parte da normalidade e da ecologia destes vírus, senão desapareciam, não é?", assinala.
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Outros dos países em que a "Arcturus" está a centrar atenções é no Vietname, onde se tem espalhado rapidamente: por isso mesmo, esta quarta-feira, as autoridades de Hanói decretaram o uso obrigatório de máscaras nos transportes públicos e em espaços fechados como supermercados, cinemas e bares.
Nas lojas, os funcionários que contactem diretamente com clientes têm de usar máscara. Já em espaços como bares, discotecas, clínicas de massagem, salões de beleza, ginásios, restaurantes, cinemas, teatros e circos têm de as utilizar sempre.
Os trabalhadores e visitantes de edifícios culturais e turísticos também estão sujeitos ao uso obrigatório de máscara, assim como em todos os locais frequentados por multidões.