E se fizéssemos três vezes mais testes? Poupança seria de quatro milhões de euros em dez dias
Se os testes à Covid-19 fossem alargados à comunidade e realizados mais precocemente, Portugal poderia poupar dinheiro em hospitalizações.
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Se Portugal realizasse o triplo dos testes à Covid-19 que está a realizar atualmente, em apenas dez dias, evitaria a hospitalização de 900 pessoas e pouparia quatro milhões de euros. A conclusão é de uma investigação feita por cientistas da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.
Uma equipa do Departamento de Medicina da Comunidade, Informação e Decisão em Saúde realizou um estudo de modelação económica que prova que o lema "testar, testar, testar", defendido pela Organização Mundial de Saúde, é a resposta mais indicada para poupar dinheiro.
No Fórum TSF, João Fonseca, um dos investigadores responsáveis pelo estudo, defendeu que é preciso Portugal fazer mais testes e detetar mais rapidamente os casos de infeção pelo novo coronavírus.
"Testar mais na fase precoce - não é testar toda a gente, mas testar com critérios alargados e que sejam realmente aplicados na prática - é capaz de poupar hospitalizações", alertou o investigador. "As pessoas são melhor diagnosticadas e mais precocemente isoladas, e, ao serem isoladas, cria-se um efeito de diminuir a necessidade de internamento."
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João Fonseca lembra que os internamentos "têm custos elevados" e que, se Portugal aplicasse mais testes e reduzisse a necessidade de hospitalizações, iria "poupar dinheiro, a médio prazo".
E, nesta caso, poupar dinheiro é também sinónimo de poupar vidas.
"Se se triplicasse o número de testes que está a ser feito, num prazo de dez dias, poupávamos quatro milhões de euros e 900 hospitalizações - dessas, algumas de [pessoas em] cuidados intensivos, que, infelizmente, falecerão", apontou o investigador.
Portugal registou até ao momento, 43 mortes e 2995 infetados pelo novo coronavírus. Há, nesta altura, 276 doentes internados em hospitais, 61 dos quais em unidades de cuidados intensivos.
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*com Manuel Acácio