"É um grande dia para mim." Lídia Jorge ficou "sem voz" ao receber Prémio Eduardo Lourenço
É um prémio "totalmente inesperado" para a escritora.
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A escritora Lídia Jorge confessou à TSF que receber o Prémio Eduardo Lourenço foi algo inesperado e revelou a primeira reação ao perceber que tinha sido galardoada.
"Fiquei sem voz porque estava precisamente a preparar mais uma intervenção sobre ele, sempre do meu ponto de vista, que nunca é um ponto de vista teórico, mas é um ponto de vista mais testemunhal e como leitora, porque neste ano se está a comemorar o centésimo ano da vida de Eduardo Lourenço. Na verdade, as pessoas dizem que encontrei a forma de o definir naquele filme do Miguel sobre o Eduardo Lourenço, 'O Labirinto da Saudade', e defini-o aí como o poeta do nosso pensamento e as pessoas procuram-me para que eu desenvolva isso, não é? Quando, de repente, me dizem que tenho este prémio... Ainda não sei quais foram os argumentos que usaram. Imagino quais terão sido, mas ainda não sei, ainda não me passaram essa informação, mas fiquei muito, comovida. Como disse, fiquei sem palavras", contou Lídia Jorge.
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Para a escritora, este é um prémio "totalmente inesperado" porque foi "muito próxima" de Eduardo Lourenço e segue a sua obra.
"Este prémio é uma coisa que não estava, de modo nenhum, no meu horizonte, não era alguma coisa que eu imaginasse porque é, de facto, qualquer coisa e é demasiado próximo para mim. Não estava à espera e fico muito feliz. Naturalmente, a palavra galáxia Eduardo Lourenço é um bocado solene demais, mas o que encontro para dizer neste momento é que me sinto feliz por me terem admitido naquilo que é a galáxia Eduardo Lourenço. É um grande dia para mim", afirmou a escritora.
Este ano, Lídia Jorge também venceu de novo o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores com "Misericórdia", obra com que é candidata aos prémios Medicis e Femina 2023 de melhor romance estrangeiro publicado em França. E suspeita que os membros do júri se tenham lembrado dela também por este livro.
"Não sei ainda porque é que de facto me escolheram, mas tenho ideia de que o que tenho em comum com o Eduardo Lourenço, se é que posso fazer essa comparação, é que o Eduardo sempre foi um filósofo que procurou sobretudo desocultar o sentido do contemporâneo e, de certa forma, aquilo que tenho feito à minha medida e através da ficção é isso mesmo. Tem sido tentar desocultar os sentidos da estratégia da nossa mudança, ancorada no nosso país", acrescentou.