Centenas de angolanos votam em Lisboa: "Todos desejamos uma mudança, Angola precisa de tudo"
Em Lisboa, estão inscritas seis mil pessoas para votar nas quintas eleições gerais de Angola.
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No Consulado de Angola em Lisboa, às 9h00, a afluência às urnas era grande, constatou a TSF, numa altura em que, de acordo com números não oficiais, já tinham votado, pelo menos, 250 pessoas das cerca de seis mil inscritas.
Rosalina Silva já exerceu o direito, numa das duas assembleias de voto compostas por cinco mesas cada. À TSF, sublinha que votar "é um dever cívico" e, por isso, como cidadã angolana "tinha mesmo de vir".
Deseja para o seu país uma mudança a todos os níveis porque Angola "precisa de tudo, tudo". "Todos nós desejamos uma mudança no país. Espero uma mudança a todo o nível, não só política. Precisamos de melhorias na saúde, na educação (...)", enfatiza.
Quem também já votou em Lisboa foi Bonga, o cantor angolano que prevê uma surpresa negativa para o MPLA neste sufrágio. "Somos filhos de boa gente também e, democraticamente falando, a mudança é boa, é fantástica", comenta.
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Carlos Santos, da Comissão Nacional de Eleições de Angola em Portugal, nota que a afluência é boa, mas chama a atenção para o facto de a perceção de estar muita gente no Consolado ser enganadora. "Era necessário que as pessoas fossem saindo e, ao mesmo tempo, chegando outras", afirma. "Se olhar, tenho de facto a perceção de que está muita gente, mas, a verdade é que 60% de quem aqui está já votou", sustenta.
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O responsável destaca também que não houve, até agora, qualquer incidente no decorrer do sufrágio. As urnas estão abertas até às 17h00 e a perspetiva é que a afluência prossiga ao longo do dia. Carlos Santos não avança com números oficiais sobre quantas pessoas já votaram, mas admite que, pelas 10h00, o número possa ter "eventualmente subido" em relação à referência do "primeiro pico".
As eleições gerais de esta quarta-feira são as primeiras em que os angolanos no exterior vão poder votar. Em Portugal, a votação acontece nos Consulados de Angola em Lisboa e no Porto. No total, dos 80 mil angolanos que vivem por cá, registaram-se para votar 7 mil e 600 pessoas, a larga maioria na capital.
As quintas eleições gerais em Angola perpetuam a disputa entre os dois principais partidos do país, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, Governo) e a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA, oposição), que tentam conquistar a maioria dos 220 lugares da Assembleia Nacional.
João Lourenço, atual Presidente, tenta um segundo mandato e tem como principal adversário Adalberto Costa Júnior, líder da UNITA.
No total, concorrem oito formações políticas, sete partidos e uma coligação, que tentam conquistar o voto dos 14,4 milhões de eleitores. As cerca de 13 mil assembleias de voto no país e diáspora vão estar abertas entre as 07h00 e as 17h00 (mesma hora em Lisboa).
O processo eleitoral, que tem cerca de 1.300 observadores nacionais e internacionais, tem sido criticado pela oposição, considerando-o pouco transparente.