O projeto Hortas Urbanas - Horta à Porta, da Lipor, tem uma lista de espera com três mil pessoas. O projeto faz 20 anos em julho.
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A Horta da Palmilheira, em Ermesinde, ocupa um terreno de 11 mil metros quadrados e tem 172 talhões. Aqui, há quem colha quase tudo o que precisa para a alimentação do dia a dia.
Maria Helena Tavares tem 67 anos e cultiva um dos 172 talhões da Horta da Palmilheira. "Fui das primeiras e gostava de ter outro espaço. Sou reformada e sinto-me muito bem aqui. Só compro fruta no supermercado, de resto consumo tudo o que cultivo. Tenho tomate coração de boi, às vezes até tenho que congelar, tenho couve coração, feijão verde, muitos legumes."
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O projeto Hortas Urbanas - Horta à Porta, da Lipor (Associação de Municípios para a Gestão de Resíduos do Grande Porto) celebra duas décadas este ano. Teve como ponto de partida criar uma rede entre municípios da Região do Grande Porto, que promovesse a agricultura biológica. José Manuel Ribeiro é presidente do conselho de administração da Lipor. "Hoje são cerca de 57 hortas, 2087 talhões espalhados por oito municípios. Temos quase 30 parceiros. Esta ideia surge da constatação de que vivemos num mundo que consome em excesso água, energia, mesmo a ocupação do solo. Havia essa oportunidade e decidimos criar espaços de produção biológica de alimentos."
Há três mil pessoas em lista de espera por um lugar nas hortas urbanas. "Temos plena consciência que a procura por estes espaços é muito para a produção de alimentos, com o intuito de complementar o orçamento. Neste momento, em que lutamos com dificuldades resultantes da inflação, há muita procura. Temos cerca de 3 mil pessoas inscritas na lista de espera. Cada talhão tem cerca de 25 metros quadrados."
José Manuel Ribeiro explica que são várias as motivações de quem procura uma das hortas urbanas da Lipor. "Com motivação terapêutica, social, recreativa, de produção, mesmo para a subsistência, complementado o que é o orçamento familiar. Em períodos de maior dificuldade há maior procura."
António Gonçalves é outro dos "agricultores" da Horta Urbana da Palmilheira e diz que "quase não preciso de ir às compras, tenho tudo e consigo dar às filhas. Como vivo aqui perto, quando quero uma alface, por exemplo, venho colher no dia. Até o sabor é diferente, por exemplo os tomates que compramos no supermercado não têm sabor". As hortas comunitárias da LIPOR estão presentes nos municípios de Espinho, Gondomar, Porto, Póvoa de Varzim, Vila do Conde, Valongo, Maia e Matosinhos.