João Paulo Ribeiro aproveitou a presença do presidente da República para criticar em voz alta políticas para os incêndios florestais e gostaria de dizer o mesmo a António Costa.
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João Paulo Ribeiro, o homem que, esta terça-feira, em Murça, acusou Marcelo Rebelo de Sousa de não fazer nada para melhorar a vida dos portugueses, garante que o seu protesto não teve "nada a ver com motivações políticas" e que o "voltaria a repetir".
O protesto do emigrante na Suíça, juntamente com o filho, que tem o mesmo nome dele, destacou-se na chegada do Presidente da República a Murça, onde foi visitar a área destruída pelo grande incêndio de julho deste ano, e acabou por marcar o dia.
João Paulo Ribeiro, de 53 anos, garante que "voltaria a repetir" o que fez, apenas porque defende que os portugueses não se devem calar na altura de exigir mais responsabilidade a quem os governa.
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O motorista de camiões-grua está a passar férias de Natal com o filho na aldeia de Ribeirinha, em Murça. Mal soube que Marcelo Rebelo de Sousa visitaria o concelho tratou de lhe se organizar para lhe ir transmitir o seu descontentamento relativo ao combate aos incêndios florestais.
Mal Marcelo pôs um pé fora do carro não poupou nas críticas: "Há 40 anos, tinha eu 11, era com mangueiras e baldes de água que apagávamos os fogos. Passado todo este tempo continuamos igual. Que andaram a fazer o PS e o PSD durante todo este tempo? E o senhor, ao tempo que lá está, o que é que fez, senhor presidente? O senhor fala muito bem, é muito educado, mas não faz nada. Cinco anos depois de Pedrógão não limparam a floresta. É uma incompetência. Lá fora sinto-me triste ao ver a minha região e o meu país assim!"
Esta quarta-feira, à TSF, o também pequeno empresário reafirmou o que disse na véspera: "Qualquer português com o mínimo de escolaridade devia estar verdadeiramente indignado. Evolui-se tanto, os ministros passeiam em altas máquinas e nós continuamos, tal como há 40 anos, a apagar incêndios com baldes de água", frisou.
João Paulo Ribeiro criticou ainda que sejam pagos "25 mil a 30 mil euros por hora para avionetas andarem a apagar incêndios, quando a Força Aérea está parada". Por outro lado, "nos meses fortes de incêndios, em julho e agosto, os bombeiros não têm gasóleo para os carros". Lembra que, no dia em abordou Marcelo na vila de Murça, soube que "umas bombas de combustível financiam os bombeiros para conseguirem ter gasóleo e depois lá o vão pagando".
O emigrante na Suíça acrescenta que Portugal estaria melhor se mais pessoas reivindicassem melhores políticas. O problema, frisa, é que estamos num "país de hipócritas", onde "ninguém dá cara". Na sua opinião, "as pessoas têm medo de falar e fala-se por trás", dando a impressão de que "vivem numa ditadura" e "criticando quem dá a cara".
Apesar de viver e trabalhar na Suíça, João Paulo Ribeiro diz-se "bem informado" sobre o que se passa em Portugal, o que consegue ouvindo, por exemplo, "a TSF". "Interessa-me o meu país e a minha região. Se o nosso presidente da República e se todos os nossos primeiros-ministros gostassem de Portugal como eu, o nosso país era um dos melhores da Europa. Só que eles gostam dos amigos e conveniências deles", reforça.
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João Paulo Ribeiro garante que "não ofendeu ninguém" quando confrontou Marcelo e hoje voltaria a protestar da mesma forma junto do presidente da República. Espera um dia fazer o mesmo com António Costa, pois tem "quatro ou cinco coisas para lhe dizer".
O emigrante foi identificado em Murça pelos serviços de segurança do presidente da República, mas ele garantiu à TSF que não teve qualquer problema com as autoridades.
Sobre este episódio, raro em visitas oficiais, o presidente da República, disse, ainda na terça-feira, que "a democracia é isto". Acrescentou que "pode haver 90% de pessoas que percebem que há coisas que demoram algum tempo a mudar e depois há quem sofra e quem seja mais crítico. Uma crítica politicamente partidarizada".