Crianças que estavam no Centro de Acolhimento Temporário começaram a ser espalhadas, no início da semana, por outras instituições de Viseu, Lamego e para famílias de acolhimento.
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Cerca de metade das funcionárias do Centro de Acolhimento Temporário (CAT) de Crianças de Viseu, que encerra portas esta quarta-feira, manifestaram-se ao final da manhã junto à valência, criticando o seu despedimento e exigindo a sua integração noutras valências da Santa Casa da Misericórdia da cidade. A concentração foi promovida pelo Sindicato de Hotelaria do Centro.
As crianças que estavam no CAT começaram a ser espalhadas, no início da semana, por outras instituições de Viseu, Lamego e para famílias de acolhimento. O processo de retirada dos menores, até aos sete anos, fica concluído esta quarta-feira. Com o fecho da unidade são atiradas para o desemprego 18 trabalhadoras.
Uma das mais antigas é Teresa Alves, que tem 17 anos de casa. Aos jornalistas, esta manhã, a auxiliar de educação não escondia a sua revolta.
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"Este foi o pior Natal da minha vida por deixar as crianças, mas também por ter de abandonar o meu posto de trabalho. Não estava à espera, o pouco que fomos sabendo, fomos sabendo pela comunicação social. Só muito recentemente é que alguém da instituição nos veio comunicar que o nosso futuro seria mesmo o despedimento", adiantou.
"Sou contra o despedimento eu e a minhas colegas. É muito revoltante porque demos muito por esta casa e somos meros números, somos despachadas quando não somos precisas", criticou.
As funcionárias do CAT exigem ser integradas noutras respostas sociais da Misericórdia de Viseu. Garantem que há lugar para elas e dizem que a Santa Casa até tem estado a recrutar.
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"Nós sabemos que há falta de pessoal nas várias valências. A Santa Casa tem muitos locais para nos colocar e não querem. Sinto que é para nos descartar. Não tem consideração e respeito por nós", lamenta Teresa Alves.
A colega Teresa Domingos também considera incompreensível o encerramento do CAT e o consequente despedimento coletivo levado a cabo pela Misericórdia.
"Perdi uma família, todas temos um carinho muito grande pelas crianças, o ambiente de trabalho é espetacular e foi sem dúvida um Natal para esquecer, soubemos nas vésperas que íamos ficar em casa", adiantou a auxiliar com nove anos de casa.
Teresa Domingos também não poupa à Santa Casa por não deslocar as funcionárias do CAT para outras unidades.
"São várias famílias que ficam desamparadas e da maneira como isto está tudo", frisou. "Não sei o que vou fazer hoje à noite e amanhã", declarou ainda.
A concentração contou com o apoio do presidente do Sindicato de Hotelaria do Centro, Afonso Figueiredo, que lamentou a falta de diálogo por parte da Misericórdia de Viseu.
"A família mais próxima destas crianças eram estas trabalhadoras. As 18 trabalhadoras foi com surpresa que receberam esta notícia do encerramento, com mais surpresa ainda porque amanhã deixará de haver crianças nesta valência e às trabalhadoras nada foi dito em relação ao dia de amanhã", criticou, acusando a Santa Casa de não ter tido a "postura correta" neste processo.
À TSF, o provedor da Misericórdia viseense, Adelino Costa, garantiu que foi dito às funcionárias que "não havia uma solução para elas". "Dissemos que havia duas alternativas: o despedimento coletivo ou a extinção do posto de trabalho", explicou.
O responsável disse que a Santa Casa "não tem condições económicas" de ficar com as trabalhadoras e que isso mesmo já lhes foi informado.
Adelino Costa assegurou ainda que as 18 mulheres irão continuar a receber o ordenado até o processo de despedimento ser concluído.