Chefe de Estado realça a necessidade de mudar o sistema de saúde para dar resposta às necessidades dos portugueses.
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O Presidente da República reconheceu este sábado que o encerramento de várias urgências de obstetrícia no país é um "objeto de preocupação" e apelou a que sejam promovidas as alterações necessárias no Serviço Nacional de Saúde dar respostas às necessidades do país.
"Obviamente não deixa de ser objeto de preocupação", assinalou o chefe de Estado em Londres, onde está no âmbito das comemorações do Dia de Portugal, assinalando as situações de rutura nas urgências como um "ponto crítico específico".
Marcelo Rebelo de Sousa defende que estes pontos "específicos e complexos", estão também relacionados com os problemas nos cuidados primários.
"A pressão sobre as urgências tem a ver, precisamente, com a necessidade de ainda reforçar e valorizar as Unidades de Saúde Familiares mais próximas das populações. A ideia é olhar para o sistema como um todo e ir introduzindo as mudanças necessárias para o adaptar à realidade das necessidades portuguesas", assinalou.
A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo anunciou que entre as 20h00 deste sábado e as 08h00 de domingo, os serviços de Urgência de Ginecologia/Obstetrícia do Centro Hospitalar Lisboa Ocidental, do Centro Hospitalar Barreiro-Montijo e do Hospital Garcia de Orta, em Almada, serão assegurados por outras unidades da rede, nomeadamente pelo Hospital Santa Maria e pela Maternidade Alfredo da Costa.
No caso do Hospital São Francisco Xavier, que faz parte do Centro Hospitalar Lisboa Ocidental, as utentes serão prioritariamente encaminhadas para o Hospital Fernando da Fonseca (Amadora-Sintra).
Antes, também o Hospital de Braga confirmou que vai fechar domingo, e durante 24 horas, a urgência de obstetrícia "pela impossibilidade completar escalas", mas garante que "está a trabalhar" para que "a resposta seja garantida" junto de outras unidades.
Profissionais de saúde portugueses são "marca de qualidade" no Reino Unido
Marcelo Rebelo de Sousa qualificou, durante uma visita a um hospital londrino, os profissionais de saúde portugueses como uma "marca de qualidade" de Portugal no Reino Unido.
"Uma marca de qualidade, uma das muitas marcas de qualidade no Reino Unido, é a vossa", dirigindo-se esta manhã a um grupo de profissionais de saúde do hospital Royal Brompton, onde trabalham mais de cem portugueses.
O chefe de Estado acrescentou que "foi um acaso muito feliz" que esta qualidade fosse comprovada pelo próprio primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, que foi acompanhado pelo enfermeiro Luis Pitarma quando esteve internado no Hospital de St. Thomas durante uma semana em abril de 2022.
"Bastava ser por qualquer cidadão, mas deu um prazer especial ser a todos os níveis verificado", confessou, sob risos e aplausos das cerca de três dezenas de pessoas, a grande maioria profissionais portugueses do estabelecimento de saúde.
Marcelo Rebelo de Sousa agradeceu a "dedicação e humildade", sobretudo durante a pandemia, que implicou "mais risco, mais horas extra, mais mais sacrifício familiar e da vida pessoal".
"Isso não tem preço", enfatizou.
Ao longo dos últimos dez anos, reconheceu, "fomos enriquecendo o nosso aliado o Reino Unido com a qualidade dos nossos profissionais, em particular as nossas profissionais", reconhecendo que a assistência era maioritariamente feminina.
Embora considere ser "um grande orgulho" ouvir elogios dos responsáveis do hospital sobre a competência dos portugueses, salientou que "não desistimos de vos ter em Portugal".
"Para já têm de ir e vir (...) mas depois espero que, a seguir à experiência britânica, venham ter a experiência portuguesa novamente".
Os hospitais Royal Brompton e Harefield, com instalações em Chelsea e em Harefield, ambos a oeste de Londres, constituem juntos o maior centro dedicado ao coração e pulmão no Reino Unido e um dos maiores da Europa para pessoas com doenças cardíacas e pulmonares, incluindo condições raras e complexas.
Estes hospitais foram pioneiros no transplante de coração e pulmão e na realização da primeira angioplastia coronária e abriram também o primeiro centro de fibrose cística adulta do Reino Unido.
Atualmente oferecem alguns dos tratamentos mais sofisticados e pioneiros no mundo, tendo recentemente aberto um novo centro de diagnóstico com tecnologia de imagem.
Por ano atendem mais de 200 mil doentes ambulatórios e quase 40 mil doentes internados.
Possuem aproximadamente 4000 funcionários, 116 dos quais enfermeiros e médicos portugueses, e um orçamento de aproximadamente 500 milhões de libras por ano (585 milhões de euros).
O Presidente da República encontra-se em Londres entre para as celebrações do Dia de Portugal com a comunidade portuguesa do Reino Unido, que iniciou na sexta-feira.
Começou o dia na Escola Anglo-Portuguesa de Londres, tendo previsto um almoço com representantes da comunidade portuguesa ligados às artes.