Lacerda Sales apontou a proximidade temporal entre a aprovação do decreto-lei e as datas limites para processar salários como uma das dificuldades no processamento dos aumentos.
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Depois do erro, está prometida a correção com retroativos. A justificação oficial para os atrasos no pagamento a médicos e enfermeiros verificado neste mês é de um erro informático, esta terça-feira, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, tentou explicar algo que tem "diversas dimensões".
"O ministério da Saúde tem 137.273 trabalhadores, ao que acrescem prestadores de serviços", começou por explicar no briefing diário com a Direção-Geral da Saúde sobre a Covid-19, antes de acrescentar que os salários são geridos através de "um sistema muito complexo."
Muitos dos profissionais trabalham de acordo com variáveis diferentes, como o "trabalho noturno ou suplementar", que devem estar parametrizados para "assegurar a segurança do vencimento destes trabalhadores".
"Os trabalhadores do Ministério da Saúde recebem o seu vencimento no dia 21" de cada mês, sendo que os "dados para pagamento são trabalhados até ao dia 14", seguindo no dia 15 para os serviços partilhados.
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"Ora, entre o período de saída do decreto-lei de 20 de março e este período não houve grandes condições do ponto de vista técnico, dada a complexidade desta matéria, para se poderem fazer alterações com a segurança e sensibilidade que esta questão merece", lamenta o secretário de Estado.
Mas a promessa está feita: "Esta situação será devidamente regularizada no próximo mês, com retroativos ao dia 1 de janeiro", garante Lacerda Sales.
Bónus na saúde pode vir a ser ponderado
Questionado sobre se está a ser estudada alguma compensação para agradecer o trabalho dos profissionais de Saúde, Lacerda Sales reconhece que a questão "poderá ser ponderada a médio prazo", mas não agora, quando há portugueses a "passar dificuldades".
"É uma matéria que terá uma altura própria para ser avaliada e ponderada", explica.
O Ministério da Saúde tinha justificado com um erro informático os atrasos do aumento salarial a médicos, enfermeiros e auxiliares. Nos acertos feitos esta semana aos funcionários públicos, que se iniciaram por trabalhadores da administração pública, estes profissionais de saúde ficaram para já de fora, devido a uma dificuldade em "parametrizar" os novos valores.
O Governo também já tinha referido na sexta-feira que alguns dos aumentos ficariam para maio. O Ministério da Modernização e da Administração Pública frisava ainda que o problema não residia na falta de verbas, mas com dificuldades técnicas com que os serviços se têm defrontado.
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A portaria que define o aumento geral de 0,3% de aumentos para a função pública e de dez euros para os salários até 700 euros foi publicada a 20 de março em Diário da República. Na sexta-feira, além de explicar o que estava na origem do não pagamento a todos os funcionários do Estado no fim do mês de abril, o gabinete da ministra Alexandra Leitão sublinhava também que em nenhum momento foi anunciado um mês para que os aumentos se produzissem.