O evento que decorre até domingo recebe várias famílias que não ficam indiferentes ao tema da sustentabilidade.
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Os jogos tradicionais e a oficina de música são apenas duas das muitas atividades presentes no Festival Moods que, além de possuir uma vertente educativa, serve "para aproximar gerações".
Margarida tem 65 anos e está presente pelo segundo dia consecutivo no festival com a neta Inês, de nove anos. Para esta avó, que é educadora de infância, estas iniciativas são "muito importantes para trazer as pessoas para o exterior, obrigá-las a socializar e fazer borbulhar a criatividade enquanto se aproveitam materiais que muitas vezes são desperdiçados".
A educadora de infância conta que no início de carreira também fazia "alguns destes jogos com materiais que iam ser deitados ao lixo".
O jogo da lata, o labirinto de pregos, as corridas com sacos de serapilheira, o jogo dos sinos, os batentes e o jogo do galo são atividades que "marcaram as gerações mais antigas" e que são agora vividas pelos mais novos e revisitadas pelos mais velhos.
"Isto são jogos que marcaram a nossa infância e esta nova geração não tem essa consciência. Estas atividades são importantes para ligar gerações", afirma o avô, Laurentino, de 70 anos.
À conversa com a neta Inês durante o percurso do jardim Basílio Teles, Margarida conta que, à medida, que passava pelos diferentes ateliers lhe dizia: "Olha que giro, no meu tempo fazíamos assim."
A poucos metros de distância desta família estava o mais novo aprendiz do workshop de música tradicional portuguesa. Daniel tem apenas um ano e participa na aula de Rafael Freitas com o irmão Pedro, de cinco.
"É muito importante desenvolver a parte artística e a criatividade, mesmo quando as crianças não entendem exatamente tudo o que estão a fazer", explica o pai dos meninos, João, com 39 anos.
"Quem é que aqui se lembra do primeiro som que ouviu na vida?", questionou o professor de música que esperou alguns segundos até obter a primeira resposta.
Com incentivo familiar, uma criança responde: "O coração da mãe."
Os mais novos, protagonistas no Palco Aprendiz, são então desafiados a imitar os sons da barriga da mãe e escolhem os instrumentos que pretendem tocar consoante o som a imitar.
A sonoridade do imaginário é transportada para o mundo real com recurso a tambores, reco-recos, pandeiretas e flautas improvisadas na oficina de música. Para que sejam adequados aos seus aprendizes, o professor mede o comprimento dos dedos dos alunos para transformar, por exemplo, um tubo antigo numa nova flauta.
Questionada sobre a raridade deste tipo de iniciativas, Raquel Cangalhas, 41 anos, não hesitou: "Sinto muita falta. Em Matosinhos principalmente."
A mãe participa na aula de música com o filho Francisco, de quatro anos, que escolheu um tambor - antigo balde de tinta - como instrumento predileto. É com grande entusiasmo que toca o instrumento que diz ser "fácil de aprender".