"Episódio absolutamente trágico." ERC admite "enorme preocupação" com situação no Global Media Group
Helena Sousa alerta para "problemas que são estruturais" no setor da comunicação social.
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A presidente do conselho diretivo da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) considerou esta quinta-feira que o Global Media Group (GMG) está a viver um "episódio absolutamente trágico", admitindo "uma enorme preocupação" com os seus trabalhadores.
"Esta é mesmo a sede para dizermos que a comunicação social tem problemas que são estruturais, são problemas de fundo, e este episódio absolutamente trágico que estamos a viver não é o primeiro, infelizmente, não será o último e, do ponto de vista político, está mais do que na hora de fazermos uma reflexão para garantir que a comunicação social responde cabalmente às necessidades dos cidadãos", vinca Helena Sousa.
No Parlamento, onde está a ser ouvida esta manhã na comissão de Cultura, Helena Sousa alerta por isso que está na hora de o poder político refletir sobre que apoios podem ser pensados para assegurar a sustentabilidade dos órgãos de comunicação social.
"É mesmo hora de pensarmos em modalidades de apoio à comunicação em termos que sejam justos com critérios muito claros para que as questões da independência sejam asseguradas", defende.
A líder da ERC, que pede apoios justos e claros para os meios de comunicação social, explica que a entidade já pediu por duas vezes informações ao GMG sobre a identidade dos proprietários do fundo que há poucos meses comprou a empresa. Perante a situação, Helena Sousa confessa que está "preocupada".
"Não posso deixar de manifestar uma enorme preocupação relativamente à situação que vivem os jornalistas, os trabalhadores do GMG. É um grupo com títulos históricos, da maior importância para a nossa democracia, para o pluralismo, portanto, este é um assunto que também nos preocupa muito. Deve preocupar políticos, deve preocupar reguladores e deve preocupar todos os cidadãos que estão de algum modo preocupados com a qualidade da nossa esfera pública", aponta.
Helena Sousa adianta que a ERC ainda espera mais informações e avisa que não vai hesitar em fazer mais diligências caso as respostas não cheguem.
"Esperamos em breve ter mais informação, mas eu gostaria de dizer que a ERC não hesitará em tomar novas diligências se subsistirem dúvidas relativamente à titularidade do capital do fundo".
Helena Sousa está a ser ouvida no Parlamento a pedido do Bloco de Esquerda e do PCP, depois de o grupo a que pertence a TSF, o DN, o JN e O Jogo, entre outros títulos, ter anunciado a intenção de rescindir com entre 150 a 200 trabalhadores.
Em causa está o anúncio de rescisões de contratos de trabalho por parte da administração - que podem afetar até 200 trabalhadores.
O GMG anunciou que vai negociar "com caráter de urgência" rescisões com 150 a 200 trabalhadores e avançar com uma reestruturação para evitar "a mais do que previsível falência do grupo", anunciou na quarta-feira, num comunicado interno citado pela Lusa.
De acordo com o comunicado, os acordos de rescisão serão negociados "num universo entre 150 e 200 trabalhadores nas diversas áreas e marcas" do grupo, sendo o objetivo "evitar um processo de despedimento coletivo" que, segundo a comissão executiva do GMG, "apenas será opção em último caso".
"Face aos constrangimentos financeiros criados pela anulação do negócio da Lusa", a administração do GMG avança ainda que "o pagamento do subsídio de Natal referente ao ano de 2023 só poderá ser efetuado através de duodécimos, acrescido nos vencimentos de janeiro a dezembro do próximo ano".