Comissão parlamentar de Cultura inicia audições para avaliar situação do Global Media Group
O Bloco de Esquerda reconhece que o papel do poder político é limitado. Já o PCP explica que a intenção é ouvir as informações mais recentes sobre o caso.
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A comissão parlamentar de Cultura começa esta terça-feira uma série de audições relacionadas com a situação social e económica do grupo Global Media Group, dono da TSF, do Jornal de Notícias, Diário de Notícias, O Jogo e Dinheiro Vivo, entre outras marcas e empresas. A iniciativa partiu do PCP e do Bloco de Esquerda.
A deputada do Bloco de Esquerda Joana Mortágua reconhece que o papel do poder político é limitado, mas estas audições servem para ponderar que instrumentos legais pode a Assembleia da República acionar.
"Nós temos uma intervenção limitada. A nossa intervenção é sobretudo a nível da pressão política, como é evidente, e é para isso que servem também estas audições, para ouvir as razões. Esperamos também ouvir detalhes das negociações dos trabalhadores, por exemplo, das tentativas de negociação dos trabalhadores. O que é que já foi proposto, o que é que não foi aceite, o que é que há em cima da mesa em termos negociais para, a partir daí, também conseguirmos, além da questão política, aferir se há instrumentos legais através dos quais nós possamos intervir diretamente por uma via legislativa ou exigir ao Governo que intervenha ou até à Entidade Reguladora da Comunicação Social, se isso for se for da sua competência", explicou à TSF Joana Mortágua.
A bloquista acredita que o calendário político, com a dissolução do Parlamento prevista para o arranque do ano, não é um obstáculo.
"A celeridade com que estas audições foram marcadas dá nota de que há uma maioria, pelo menos na comissão e na organização dos trabalhos da comissão, que quis dar de facto uma urgência e um sentido de emergência a estas audições e, portanto, eu julgo que se houver na sequência destas audições alguma iniciativa que pode ser tomada, eu julgo que o calendário não será obstáculo", afirmou a deputada do BE.
Já a líder parlamentar do PCP, Paula Santos, explica que a intenção do partido em chamar os delegados sindicais e conselhos de redação é ouvir as informações mais recentes sobre o caso e admite que, depois das audições desta semana, outras iniciativas possam surgir, apesar do prazo que o atual Parlamento tem para trabalhar, até à dissolução de 15 de janeiro.
"Mesmo neste contexto político e nesta circunstância há aqui um cumprimento e a salvaguarda dos direitos dos trabalhadores. Tem de ser sempre salvaguardado, estas são matérias em que entendemos que há aqui este espaço de intervenção, mas naturalmente o poder ver o que é que pode ir mais longe vai também depender dos elementos que forem possíveis recolher nestas audições", acrescentou Paula Santos.
Nas primeiras audições, esta terça-feira, vão ser ouvidos os delegados sindicais da TSF, d'O Jogo, Diário de Notícias, Jornal de Notícias e uma delegação do Sindicato dos Jornalistas. Na quarta-feira são os conselhos de redação e, na quinta-feira, é a vez de Helena Sousa, presidente da Entidade Reguladora da Comunicação Social.