
Alain Jocard/AFP
Conselho Nacional de Educação está convencido que fecho das escolas está a agravar as desigualdades entre os alunos. São pedidos trabalhos tão complexos que exigem, por exemplo, a ajuda dos pais e acesso a tecnologias que nem todos têm.
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A presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE) saúda o esforço "extraordinário" que está a ser feito pelas escolas, encerradas nestes tempos de pandemia, mas está preocupada com as desigualdades criadas pelas novas formas de ensino à distância e com o excesso de trabalhos, demasiado complexos, enviados aos alunos.
A Comissão Coordenadora da CNE escreveu uma carta aos restantes conselheiros, que representam uma série de setores da Educação, a aplaudir o que se está a fazer nas escolas que de um momento para o outro tiveram de se adaptar a outra forma de ensinar.
O documento deixa, contudo, uma série de alertas, sendo que o primeiro está relacionado com o receio que "esta pandemia tenha consequências negativas também no agravamento das desigualdades sociais e educativas".
A presidente da CNE, Maria Emília Brederode Santos, detalha à TSF que este agravar da desigualdade parece-lhe algo que já é certo nas escolas, defendendo que é preciso ser mais simples.
"Já não é só a questão dos equipamentos [informáticos ou tecnológicos necessários] mas também por se enviarem tarefas que são demasiado complexas e que exigem a ajuda dos pais, sendo que nem todos os pais têm formação ou disponibilidade para dar essa ajuda, e logo aí há uma desigualdade de base", refere a responsável da CNE.
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Por outro lado, aquilo que Brederode Santos diz ser a "ebulição" de tarefas e trabalhos enviados aos alunos fez com que exista "um excesso, com muita gente a queixar-se que há trabalho a mais e os pais a serem muito solicitados pelos filhos que sozinhos não conseguem resolver as tarefas".
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A CNE afirma que esta situação "agravou, certamente, as desigualdades" entre os alunos, havendo dificuldades no acesso à tecnologia, na manipulação dessa tecnologia e depois as tarefas enviadas para casa também parecem ser excessivas, com todos os professores a enviarem tudo ao mesmo com alguma falta de coordenação.
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A CNE admite, no entanto, que os dias que vivemos são também uma oportunidade para dar um salto para os meios de ensino à distância que são usados cada vez mais ao longo da vida e que até agora tinham sido pouco aproveitados pelas escolas que estão, à força, a sofrer, com esta crise, uma transformação.
"Vamos sair daqui com uma valorização maior da escola e dos professores pois os miúdos até já estão com saudades da escola", prevê a presidente da CNE.
O Conselho Nacional de Educação é um órgão independente, com funções consultivas do Parlamento e do Governo, sendo o presidente eleito pela Assembleia da República.
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