Resultado do concurso que se arrasta há meses tinha um erro. Em apenas um ano, mais 300 mil portugueses ficaram sem médico de família.
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Depois de meses de espera e vários protestos dos representantes dos médicos, a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), tutelada pelo Governo, publicou na segunda-feira a lista final de candidatos aceites para preencher as 435 vagas em aberto para médicos de família nos centros de saúde, mas o processo vai ter de ser de novo avaliado pelo júri.
Os candidatos convocados para escolherem, na próxima sexta-feira, o sítio onde pretendiam ir trabalhar foram entretanto desconvocados porque foi detetado "um lapso no âmbito da lista de ordenação final dos candidatos admitidos ao concurso, o qual merece melhor análise por parte do júri", como se lê na mensagem enviada pela ACSS a que a TSF teve acesso.
O calendário antes enviado para concretizar de vez a entrada dos 435 médicos de família no Serviço Nacional de Saúde (SNS) terá de ser refeito.
Recorde-se que este concurso está atrasado há meses, levantando protestos da Ordem dos Médicos, sindicatos e associação que representa os médicos de família, numa demora que deu um forte impulso para que mais 300 mil portugueses ficassem sem médico de família num ano, elevando o total de utentes do SNS nesta situação para quase um milhão.
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A lista publicada na segunda-feira em Diário da República, que agora tem de ser retificada, revelava que teriam sido aceites 444 candidatos para as 435 vagas.
Questionada pela TSF, fonte oficial da ACSS garante que o erro em causa é "pequeno" e que a correção deverá acontecer já esta quarta-feira.
"Não está fácil"
O presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar lamenta mais este atraso num concurso que "não está fácil", "primeiro pela pandemia e pelo estado de emergência e depois pela morosidade no procedimento concursal".
"Coitados, os colegas estão à espera há meses... e agora mais este atraso, mas penso que este é o mal menor deste concurso", refere Rui Nogueira.
O representante da associação acredita, contudo, que o erro não deverá durar mais que "uns dias a ser corrigido" e que o "problema é preocupante não por estes dias mas porque continuamos a ter um procedimento concursal que não resolve os problemas da população. Não faz sentido que tenhamos centenas de milhares de pessoas sem médico de família e termos médicos de família sem pessoas atribuídas nas suas listas...", defende.
Mais importante que este novo atraso neste concurso para 435 médicos de família, segundo Rui Nogueira, é que neste momento já estamos "noutra época de exames e já temos uns 90 médicos a fazer provas que dentro de um mês estarão disponíveis para um novo concurso", sendo fundamental que os ministérios da Saúde e Finanças avancem rapidamente com o futuro processo concursal para que não existam novos atrasos.
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