"Estamos longe de ter fumo branco." Médicos só "reclamam vitória" quando "SNS estiver capacitado"
Em janeiro, o contador das horas extraordinárias dos médicos fica a zeros, mas Carlos Cortes diz que vai ser por pouco tempo: "Em dois ou três meses os profissionais ultrapassam as 150 horas obrigatórias."
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O bastonário da Ordem dos Médicos considera que, a par das questões salariais, importa que o Governo "capacite o SNS", para que os médicos "tenham melhores condições para tratar os doentes". Quanto a esse cenário, Carlos Cortes garante que está longe de ser uma realidade.
"As questões que estiveram em cima da mesa foram do âmbito salarial, que tanto quanto sabemos vai resultar num aumento líquido de, pouco mais, de 200 euros. Mas aquilo que a Ordem dos Médicos quer saber é o que o Ministério da Saúde está a desenvolver para que os médicos no SNS tenham melhores condições de trabalho para tratar os doentes. A Ordem aguarda uma resposta concreta do Ministério. Por isso, não podemos estar aqui a reclamar vitória. A vitória é quando o SNS estiver capacitado e, nesse aspeto, estamos muito longe de ter fumo branco", explicou à TSF.
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O Governo chegou a um "acordo intercalar" com o Sindicato Independente dos Médicos para a melhoria das condições laborais dos médicos. Já a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) não aceitou a proposta e não vai assinar o acordo.
O acordo para a revisão da grelha salarial dos médicos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) prevê um aumento de 14,6% para os assistentes hospitalares com horário de 40 horas, de 12,9% para os assistentes graduados e de 10,9% para os assistentes graduados seniores.
Em janeiro, o contador das horas extraordinárias dos médicos fica a zeros, mas Carlos Cortes realça que vai ser por pouco tempo: "É um contador que anda a alta velocidade. O SNS não tem médicos suficientes, portanto em dois ou três meses os profissionais ultrapassam as 150 horas obrigatórias."
Esta quarta-feira, realiza-se a Prova Nacional de Acesso à especialidade. Há mais de 400 vagas por preencher. O concurso para a formação de médicos especialistas terminou com 1836 das 2.242 vagas preenchidas. Carlos Cortes sublinha que é mais uma prova da falta de atratividade do SNS.
O bastonário deixa uma mensagem para quem vai realizar a prova e um desafio ao Ministério da Saúde: "Primeiro uma mensagem de felicidade, de êxito, para esta prova que vai condicionar a vida destes médicos. É um momento muito importante, mas também pode ser um marco para o SNS e para o Ministério da Saúde. Sabemos que as escolhas nestes últimos dias revelaram que mais de 400 vagas ficaram por ocupar, portanto deve ser um momento para o Ministério da Saúde refletir e criar condições e mais formação médica de qualidade."