"Não é uma vitória." Médicos em Luta criticam acordo e alertam que constrangimentos vão continuar
O movimento de profissionais de saúde não está convencido com o acordo para aumentos salariais assinado com o Governo e promete, na TSF, manter protestos e recusando-se a fazer mais horas extraordinárias
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O movimento "Médicos em Luta" critica o acordo alcançado, esta terça-feira, pelo Governo e pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM). O movimento garante que vai continuar com os protestos, que têm causado constrangimentos nos serviços de urgência, com a escusa ao trabalho extraordinário além das 150 horas anuais obrigatórias.
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O Governo chegou, esta noite, a um "acordo intercalar" com o SIM para a melhoria das condições laborais dos médicos. O outro sindicato envolvido nas negociações, a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) , não aceitou a proposta do Governo e não vai assina o acordo. O documento prevê, de acordo com o Ministério da Saúde, que os assistentes de todas as especialidades com horário de 40 horas tenham "um aumento de 14,6%, os assistentes graduados de 12,9% e os assistentes graduados sénior de 10,9%".
"Modelo similar será aplicado a cada uma das carreiras médicas. No caso dos internos, o aumento é de 15,7% para os internos do quarto ano e seguintes, de 7,9% para os médicos que estão a frequentar o primeiro, segundo e terceiro anos da especialidade, e de 6,1% para os internos do ano comum", acrescenta o Ministério da Saúde.
Em declarações à TSF, Susana Costa, representante dos "Médicos em Luta", sublinha que o mínimo aceitável era um aumento salarial de 30% para todos os médicos.
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"Os médicos do movimento "Médicos em Luta" não consideram que isto seja uma vitória, consideram que isto é um mau acordo. É um acordo discriminatório", afirma Susana Costa.
Por este motivo, explica a representante do movimento, avisa que "seguramente" os constrangimentos nos serviços de urgência vão continuar a fazer-se sentir, uma vez que os médicos vão continuar a recusar-se a fazer mais horas extraordinárias.
"Admitimos que alguns colegas considerem que é um acordo inicial e que, no próximo ano, seja possível voltar à mesa das negociações - e que, com isso, estejam na disposição de retirarem as minutas. Admitimos que possa haver algumas situações pontuais dessas, mas tanto quanto percebemos, daquilo que os colegas manifestaram, a grande maioria não concorda [com o acordo alcançado com o Governo], não está satisfeita, e manterá a sua forma de luta", esclarece.
Questionada sobre se tem esperança de que as reivindicações dos médicos possam ser atendidas, em maior escala, por um próximo Governo, Susana Costa mostra prudência.
"Não sabemos muito bem qual será o futuro. Temos a perceção de que há um empenho muito forte em dar lugar à medicina privada", constata. "Mas nós, médicos, e também enquanto cidadãos, não deixaremos definhar o Serviço Nacional de Saúde de ânimo leve. E continuaremos a lutar por ele", conclui.