Ex-mineiros da Urgeiriça "preocupados" com atraso de estudo sobre contaminação em familiares
António Minhoto, da Associação dos Ex-Trabalhadores das Minas da Urgeiriça (ATMU), fala em casos de cancro e infertilidade entre os familiares dos antigos mineiros.
Corpo do artigo
Há casos de cancro e de infertilidade entre familiares de antigos mineiros da Urgeiriça. Este é um dos motivos pelos quais a ATMU revela "preocupação" com o atraso na conclusão do estudo que pretende averiguar se a contaminação do urânio chegou à terceira geração.
O estudo, promovido pelo Instituto Ricardo Jorge, deveria ter ficado pronto no mês de julho, no entanto, devido a "impedimentos face à proteção de dados", que não permitiram "fazer todas as pesquisas", a sua conclusão foi adiada.
TSF\audio\2023\08\noticias\22\antonio_minhoto_1_efeitos
"Em julho já devia estar pronto o estudo. Não está. E a ATMU está preocupada porque o estudo é de grande importância para ver qual é o ponto de situação e para saber se a contaminação passou para a terceira geração", lamenta António Minhoto, da ATMU, em declarações à TSF.
António Minhoto destaca a urgência em esclarecer se há relação entre o trabalho nas minas e os problemas de saúde em familiares de antigos mineiros.
"Temos algumas informações de alguns casos em familiares, já de netos e filhos e, por isso, há uma preocupação redobrada. Casos de neoplasias, alguns casos nomeadamente na tiroide, algumas situações na fertilização, de mulheres perderem crianças. Há aqui alguns pormenores que nós queremos que sejam esclarecidos porque ele [o estudo] também tem esse objetivo", explica.
TSF\audio\2023\08\noticias\22\antonio_minhoto_2_atraso
Ainda assim, António Minhoto aceita, para já, os argumentos do instituto Ricardo Jorge para prolongar o estudo até outubro, mas o antigo trabalhador alerta que "se as coisas não avançarem rapidamente", o caso será levado junto das mais altas instâncias.
"Foi nos dito que num prazo de três meses seria concluído o estudo, portanto, outubro será o prazo final e estamos nessa expectativa. Caso não seja concluído, obviamente [a ATMU] tomará uma posição mais proativa", remata.
O estudo, que envolve dados epidemiológicos de cerca de 1500 pessoas, nomeadamente antigos mineiros e famílias, pretende esclarecer até onde vão os efeitos da contaminação por urânio.
As minas da Urgeiriça encerraram há mais de duas décadas e foram exploradas durante quase um século por mineiros que, mesmo na fase final, nunca usaram qualquer tipo de proteção contra a radioatividade.