Ex-ministro Siza Vieira aconselha Governo a ter consciência do poder da maioria absoluta
Pedro Siza Vieira, no programa Bloco Central da TSF, defendeu que o caso Galamba, as sondagens e o debate do estado da nação mostraram que "quem controla o tempo é o Governo e o primeiro-ministro", não o Presidente.
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O antigo ministro socialista Pedro Siza Vieira, no programa da TSF Bloco Central, considera que os acontecimentos recentes mostram que quem controla o tempo é o Governo e, em especial, o primeiro-ministro, o que reduz a capacidade de intervenção do Presidente da República. O atual comentador da TSF aconselha o Governo a não se esconder atrás do primeiro-ministro e a ter consciência do poder da maioria absoluta.
"A vantagem de ter uma maioria absoluta é controlar o tempo e controlar o tempo é muito importante, ou seja, não fazer uma remodelação a pedido e determinar o tempo em que interessa fazer uma remodelação. Ter tempo para fazer reformas com que o Governo se comprometeu no seu programa e que geram reações por parte das ordens profissionais. Ter uma maioria absoluta e controlar o tempo também é isto, também é poder fazer estas coisas. Ter tempo também é permitir que o resultado de algumas medidas que não se veem imediatamente se possa esperar e pode passar por momentos difíceis se tiver a capacidade de olhar a mais longo prazo. Vai ser interessante ver se o Governo ainda tem capacidade de controlar o tempo e resistir a estas coisas, mas não o consegue fazer se continuar tudo atrás do primeiro-ministro", explicou Siza Vieira.
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Do lado de Marcelo Rebelo de Sousa, o antigo ministro defende que a situação é "muito complicada", uma vez que o caso Galamba, as sondagens e o debate do estado da nação mostraram que "quem controla o tempo é o Governo e o primeiro-ministro", não o Presidente.
"O Presidente da República pode pôr pressão, criar esta tensão no quotidiano, ir anotando, mas o tempo, nesta altura, é do Governo e do primeiro-ministro. Vamos ver o que é que ele faz com isso", afirmou o ex-ministro.
Já o comentador Pedro Marques Lopes considera inevitável uma mudança de caras no Executivo.
"A coordenação tem sido o que tem sido, o problema das demissões também tem sido o que tem sido e acho que o problema das demissões, sobretudo em secretários de Estado, é uma questão estrutural na escola dos quadros políticos, muito mais do que conjuntural. Não quero dizer que o país está assim apesar do Governo, mas acho que o Governo tem de olhar muito bem para si próprio, particularmente António Costa. Deixar de ser teimoso. É tempo de mudar e mudar radicalmente", acrescentou Pedro Marques Lopes.
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O programa Bloco Central pode ser ouvido na íntegra, esta sexta-feira na TSF, depois das 19h ou aqui, em tsf.pt, com moderação de Judith Menezes e Sousa.