Exames digitais são "grande desafio". Diretores de escolas querem ser ouvidos ainda este ano
O presidente da Associação de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas pede, em declarações à TSF, uma "preparação atempada" dos professores que vão ministrar estas provas.
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O presidente da Associação de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, Filinto Lima, confessa ter sido apanhado de surpresa com o anúncio das provas em formato digital, que considerou serem "um grande desafio", pedindo ao Governo que fale com as instituições de ensino até ao final de 2023.
Filinto Lima defende ser "muito importante que os diretores possam ser escutados", aconselhando, por isso, o Executivo a iniciar "uma conversa, um debate, com os diretores das escolas".
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"É importante que o Ministério da Educação, nesse caso concreto do IAVE [Instituto de Avaliação Educativa], aplique as provas do 12.º ano ao nível do digital, mas é muito importante que os diretores possam ser escutados, para aquilo que eu considero que é um grande desafio para a escola portuguesa, que é a aplicação já este ano dos exames por via digital ao nível do 12.º ano", defende, em declarações à TSF, reforçando que a conversa deve acontecer "ainda no primeiro período, antes do final do ano civil", porque "estas coisas da educação preparam-se com algum tempo de antecedência, não é em cima do joelho".
O líder dos diretores revela, no entanto, alguma preocupação com a adoção da medida, até porque, aponta, em muitas instituições de ensino, a internet ainda não é suficientemente fiável para suportar exames realizados totalmente em computador.
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"O que preocupa os professores nas escolas públicas portuguesas é que a rede de internet não é fiável, é uma rede que cai constantemente e que, muitas vezes, obriga os nossos professores a levarem para a sua aula dois planos - o plano A e o plano B. O plano A é aquele em que o professor recorre ao material digital, ao uso da internet, e o plano B é o professor, quando falha o plano A, dar aulas à moda antiga", afirma, sublinha a urgência de "reforçar a rede internet" antes de a medida ser introduzida nas escolas.
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Para contornar, então, aquilo que considera ser um "grande desafio", Filinto Lima pede, igualmente, uma "preparação atempada" dos professores que vão ministrar estas provas, para que "não sejam surpreendidos".
"As escolas que forem escolas-piloto para este projeto - seguramente o IAVE tem isso em perspetiva - tem de ser dada a devida formação aos professores que irão estar à frente desses exames nas diversas escolas", apela.
O ministro da Educação, João Costa, confirmou esta quinta-feira que o projeto-piloto de exames digitais vai ser alargado ao ensino secundário já neste ano letivo.
"No ano passado pilotámos o 9.º ano e este ano generalizaremos. Começará um piloto das provas dos exames nacionais do ensino secundário. As disciplinas específicas ainda serão objeto de decisão", afirma João Costa, em resposta a uma questão da TSF, na conferência de imprensa após o Conselho de Ministros.