Portugal integrou o grupo de países que defendia um cessar-fogo definitivo e a entrada imediata de ajuda em Gaza.
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O primeiro-ministro, António Costa saudou esta sexta-feira o acordo em que os 27 defenderam a criação de corredores seguros para a entrega de ajuda humanitária em Gaza. António Costa reconhece que a discussão foi caracterizada por divergências entre os Estados-membros, mas foi possível uma posição comum.
"Uma Europa a 27 é uma Europa plural e, portanto, aquilo que eu relevava não é a diferença de posições, porque essa, eu diria, é natural. O que eu relevava é o esforço que todos, a partir de diferentes posições, conseguiram ter sucesso em termos de uma posição comum nesta comunicação", afirmou António Costa, salientando que, "obviamente, não significa que, nos fóruns onde cada um afirma, por si próprio, a sua posição nacional, o faça de acordo com as suas convicções sem qualquer restrição".
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O primeiro-ministro fala numa discussão difícil, na cimeira europeia, sobre uma questão que está longe de ser consensual, que teve em consideração as posições "não só dos que defendem o cessar-fogo, (...) e afirmam que o cerco, o corte da energia elétrica, o corte do abastecimento de água é uma violação do direito internacional", mas também de "outros países que entendem que o direito de defesa de Israel não deve ser condicionado com nenhum "mas". E, portanto, não temos que estar a recordar a terceiros Estados que estão a exercer o seu direito de defesa quais são as suas obrigações internacionais".
Portugal integrou o grupo de países que defendia um cessar-fogo definitivo e a entrada imediata de ajuda em Gaza, mas estados como Alemanha, Áustria e República Chega opuseram-se mesmo a pausas para fins humanitários.
"Todos nós partimos de posições históricas, de experiências históricas bastante distintas, relativamente a Israel e relativamente ao povo de Israel", constatou o primeiro-ministro, considerando que "isso condiciona muito a forma como os diferentes países se posicionam neste contexto".
António Costa sublinhou que "a União Europeia tem bem presente que esta guerra não encerrou a anterior e que a violação do direito internacional por parte da Rússia [na Ucrânia], e que o direito da Ucrânia de se defender e o dever que temos de apoiá-la na sua defesa é algo que se mantém, e que está expresso nas conclusões".
Porém, tendo em conta as declarações antes da cimeira, o apoio à Ucrânia parece ter deixado de ter o acordo de todos, como confirmou o novo chefe do governo da Eslováquia, Robert Fico. O político que chegou ao poder coligado com a extrema-direita mostrou-se indisponível para manter a ajuda militar à Ucrânia.
António Costa afirma que Robert Fico "expressou uma posição própria relativamente à Ucrânia, que resulta da experiência que tem enquanto vizinho da Ucrânia, no quadro das relações bilaterais entre a Eslováquia e a Ucrânia".