Presidente da República fala em acidente "grave". Tudo aconteceu quando o militar que acabou por morrer detonava engenhos explosivos depois de um exercício de artilharia.
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Uma explosão na base militar de Santa Margarida, em Constância, matou esta quinta-feira pelo menos uma pessoa e fez cinco feridos, dois deles graves. O acidente está a ser investigado pela Polícia Judiciária Militar e foi também aberto um "processo de averiguações", adianta o Exército.
Tudo aconteceu, apurou a TSF, depois de um exercício de treino de artilharia, quando o militar que acabou por morrer estava a fazer explodir engenhos que não tinham sido detonados durante a atividade. As vítimas foram retiradas do campo militar.
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Foram enviados para o local 35 bombeiros, apoiados por 12 veículos e um helicóptero.
A informação foi confirmada pela TSF junto do Instituto Nacional de Emergência Médica, do Comando Sub-Regional do Médio Tejo da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil e do Ministério da Defesa.
Dois feridos "com alguma gravidade"
Antes das 20h00, o comandante dos Bombeiros de Constância, Marco Gomes, fez um ponto de situação no local do incidente, onde explicou que dos cinco feridos, dois foram considerados graves e os outros três ligeiros.
"Cinco feridos, dois deles transportados de helicóptero para o hospital de Coimbra, com alguma gravidade, e três deles, ligeiros, que foram transportados para o hospital de Abrantes nas ambulâncias", explicou o comandante dos Bombeiros aos jornalistas
Quanto aos ferimentos, são "lesões acima de tudo ao nível da visão, por projeção de alguma terra, pedras ou outras matérias".
O grupo que estava a trabalhar naquele momento era composto por oito operacionais, sendo que dois deles saíram ilesos.
Marco Gomes insistiu que esta era "uma atividade padrão" e garantiu que os operacionais são "pessoas muito bem formadas na área". Quanto aos colegas, foi garantido apoio emocional.
"Neste momento, temos empenhado um veículo com iluminação, temos uma ambulância para garantir a segurança das operações. A GNR está no local e esperamos a chegada da entidade competente, que será a Polícia Judiciária Militar", concluiu o comandante dos bombeiros.
"Perfeitamente conscientes e cientes"
Os dois militares considerados feridos graves e que foram transportados para o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, estão livres de perigo e "perfeitamente conscientes e cientes do que lhes aconteceu".
Estão "estabilizados, sem sinais de maior gravidade e a colaborar com as equipas médicas", assinalou em declarações aos jornalistas o chefe de equipa do Serviço de Urgência do hospital de Coimbra, Rui Garcia.
A audição dos militares foi afetada pelo impacto da explosão e estes "terão sido projetados", têm "queimaduras de primeiro grau" e ouvem "zumbidos provavelmente associados à explosão", mas não há registo de lesões nos olhos.
Para já, o clínico adianta que têm um prognóstico que pode ser considerado "favorável", embora ainda se aguardem alguns relatórios médicos.
A prioridade para as próximas horas é "estabilizar ainda mais" as vítimas e "aliviar-lhes as dores".
Depois de terem sido feitos exames, Rui Garcia revela que o cenário é "otimista", já que não se verificaram "lesões graves". Por isso, espera-se uma "evolução positiva".
Aberto processo de averiguações
Em comunicado, o Exército confirma o incidente e adianta que aconteceu pelas 16h40, no âmbito do "Planeamento e Gestão das Áreas de Instrução, Infraestruturas de Tiro e Infraestruturas de Treino do Campo Militar de Santa Margarida".
Quando o acidente aconteceu, esta em ação "uma equipa de desativação de engenhos explosivos do Regimento de Engenharia N.º1 para a destruição, no local, de munições e explosivos e foguetes".
Durante esta operação, "ocorreu uma explosão inadvertida, da qual resultou 01 morto e 05 feridos", lê-se na nota.
O Serviço de Saúde Militar prestou apoio médico no local, e foi também ativada uma equipa de apoio psicológico do Centro de Psicologia Aplicada do Exército, assinala-se. Entretanto, "a Polícia Judiciária Militar tomou conta da ocorrência" e foi aberto um "processo de averiguações".
Marcelo fala de acidente "grave"
Enquanto Comandante Supremo das Forças Armadas, Marcelo Rebelo de Sousa revela em comunicado que já teve conhecimento "do grave acidente ocorrido" e que já falou com a Ministra da Defesa Nacional e com o General Chefe do Estado-Maior do Exército.
Marcelo, acrescenta-se no documento, está a acompanhar "solidariamente as vítimas desse acidente e seus familiares, enquanto decorrem as operações a cargo das entidades competentes".
O chefe de Estado decidiu também adiar a reunião do Conselho Superior de Defesa que estava prevista para esta sexta-feira,
Santos Silva solidário
No Twitter, o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, lamenta o acidente "e as vítimas que provocou".
"A minha solidariedade às respetivas famílias e ao exército português", lê-se.
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Ministra envia "sentidas condolências"
Em comunicado, a ministra da Defesa Nacional lamenta a morte de um militar "no âmbito de uma ação planeada de desativação de engenhos explosivos".
Helena Carreiras deseja "sentidas condolências" à família da vítima mortal e deseja "rápida recuperação" aos outros cinco militares feridos no acidente.
"Aos camaradas dos militares envolvidos neste incidente endereça também uma palavra de solidariedade", lê-se ainda na nota.
Em atualização
*com Rita Costa e Pedro Cruz