Faltam meios, por exemplo operadores de call center, que contactem quem esteve em contacto com doentes.
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A Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública diz que é urgente contratar quem possa fazer o rastreio de contactos dos doentes com Covid-19. Sem esse reforço, a transmissão pode descontrolar-se no próximo outono e inverno.
O alerta é feito num comunicado, com o presidente da associação, Ricardo Mexia, a explicar à TSF que não estão a falar de mais médicos.
"Idealmente seriam médicos, enfermeiros e técnicos de saúde ambiental, mas sabemos que estes, no mercado, não estão assim tão disponíveis. No entanto, para o rastreio de contactos há, seguramente, pessoas que podem operacionalizar estas chamadas. Por exemplo, um operador de call center com alguma formação, alguém que consiga diariamente fazer o contacto com estas pessoas para saber se mantêm o isolamento, se desenvolveram algum sintoma ou se há alguma novidade do ponto de vista epidemiológico", adianta o representante dos médicos de saúde pública que nos últimos meses não têm mãos a medir com tanto trabalho.
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Sem estas contratações, a associação teme que a pandemia se descontrole no outono e inverno: "Se nós chegamos a uma altura em que os dados apontam para que possa haver um aumento do número de casos, vamos precisar de mais recursos. Se não temos os meios, no local, rapidamente para serem ativados e mobilizados para monitorizar estas situações, é muito fácil perder o controlo da situação, aliás como tivemos, por exemplo, aqui na periferia de Lisboa, em que se demorou muito tempo até conseguir empurrar os números para baixo".
Ricardo Mexia admite que é preciso que se encontre uma solução rapidamente pois "é tão urgente que já era urgente há vários meses atrás": "Se em fevereiro não havia estes recursos, passados seis meses era importante que isto estivesse resolvido".
A Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública diz que os reforços que têm chegado são "residuais e temporários".
"Percebe-se que em fevereiro nenhum país estivesse preparado, mas passado este tempo é difícil perceber porque não se reforçou esta capacidade de resposta que vai ser fundamental, tendo exemplos de vários países que apostaram neste recrutamento para reforçar a saúde pública que é aquilo que permite evitar uma disseminação mais massificada da doença", conclui.