Fartos de serem "low cost", polícias marcam plenários nos aeroportos para sexta-feira
Profissionais da PSP reivindicam igualdade de tratamento face aos agentes do extinto SEF e da PJ.
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A Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) convocou, para sexta-feira, plenários nos aeroportos de Lisboa, Porto e Faro, perante alterações que consideram colocar em risco a missão da PSP, o que se constata também no funcionamento destas infraestruturas, e contra o que diz ser uma perceção do Governo de que são uma "polícia low cost".
"Esta situação recente da atribuição de um suplemento de missão à Polícia Judiciária (PJ) veio ainda mais agravar aquilo que é a condição dos próprios polícias da PSP. Nós temos alertado para a necessidade de criar alguma paridade entre os elementos da PSP e também os da PJ e os do SEF", nota o líder da ASPP, Paulo Santos, à TSF, mas "aquilo que tem acontecido é exatamente o contrário: temos mais missões, mais valências - a reestruturação do SEF é um bom exemplo disso - e, no que diz respeito às condições socioprofissionais, às condições de trabalho, às remunerações e aos suplementos, continuamos a ser, na visão do Governo, a polícia low cost".
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Paulo Santos aponta que, já antes de o SEF ser reestruturado, "o pessoal que trabalhava nos aeroportos, na parte da segurança, estava com muitas dificuldades" e que estas só cresceram desde aí: "Continuamos com muitas dificuldades em termos de efetivo, mas também queremos colocar a discussão na paridade necessária entre aquilo que é a realidade remuneratória da PSP e a realidade remuneratória do extinto SEF e também da PJ".
Nesse sentido, a associação sindical defende a necessidade de revisão das tabelas e suplementos remuneratórios, incluindo o "suplemento de condição aeroportuária", a que os polícias dizem não ter acesso neste momento e que obriga "a ter algumas formações e algumas certificações muito específicas".
"Não queremos ser tratados de forma diferente em relação aos colegas da PJ e aos colegas do SEF, que entretanto foi extinto, mas queremos ser tratados exatamente com a mesma dignificação que a nossa carreira merece. Temos as mesmas condições, as mesmas competências, as mesmas valências e estamos também a desempenhar o nosso serviço com o maior profissionalismo e queremos que isso seja reconhecido por parte do Governo", aponta Paulo Santos.
Na convocatória para estes plenários, a ASPP apelas aos associados que compareçam "nos aeroportos de Lisboa, Porto e Faro. Para tal e para que possam assistir, caso se encontrem de serviço, devem (com quatro dias de antecedência) colocar o requerimento para assistir, ao abrigo do plasmado na lei".
A estrutura sindical disse que, nos últimos anos, tem assistido a um conjunto de alterações profundas no serviço policial, que levam a uma maior "complexidade, exigência e risco", o que se pode constatar também na dinâmica do funcionamento dos aeroportos.
"Neste contexto, há muitos anos denunciamos a escassez de efetivo, as fracas condições de trabalho e a incapacidade de resposta, em termos gerais e também nas Divisões de Segurança Aeroportuária", sublinhou.
A ASPP/PSP lembrou ainda que, neste quadro, surgiu a extinção do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), "numa melindrosa e arriscada opção política".
Perante a extinção do SEF e a atribuição destas competências à PSP, a associação tem alertado para a necessidade de existir um acompanhamento dos meios, recursos, formação e regalias.