Líder da Fenprof confessa que deste encontro com o chefe de gabinete do ministro da Educação não saiu nenhuma agenda negocial.
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Os professores e dirigentes da Fenprof não chegaram a ver o ministro da Educação, João Costa, mas estiveram reunidos com o chefe de gabinete numa conversa que não chegou a durar uma hora. Ainda assim, foram 50 minutos de um encontro que não se resumiu a entregar o abaixo-assinado contra o novo diploma dos concursos.
"Demorou algum tempo porque quisemos explicar aos chefes de gabinete tudo o que trouxe estes professores aqui hoje e o que os tem trazido para a rua, que tem a ver precisamente com as intenções do ministério sobre os concursos. Sobre isso, os chefes de gabinete disseram que ainda só estavam a começar a negociar, embora não tenham negado nenhuma das questões que dissemos que estávamos contra porque estão no documento do ministério e é inegável", explicou Mário Nogueira.
No entanto, o líder da Fenprof confessa que deste encontro não saiu nenhuma agenda negocial.
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"Os professores estão aqui hoje porque é de pequenino que se torce o pepino - expressão que usámos lá dentro -, não é mais tarde, quando o projeto de decreto-lei estiver devidamente formatado, que o vamos conseguir alterar. Colocámos também as outras questões relacionadas com a carreira, aposentação, precariedade, tudo aquilo de que já aqui falámos. A única coisa que nos disseram foi que iriam ter em consideração o que estávamos ali a colocar e que, oportunamente, seriam marcadas reunião. Como oportunamente não é data nenhuma, já informámos hoje o ministério de que na próxima sexta-feira, dia 6, às 9h30 estaremos aqui a entregar 18 pré-avisos de greve, um em cada distrito do país, entre o dia 16 de janeiro e 8 de fevereiro", afirmou o secretário-geral da Fenprof.
Mário Nogueira admite ainda que, além da greve, os professores acampem à porta do Ministério da Educação, na Avenida Infante Santo, em Lisboa. Já esta terça-feira, meio milhar de professores pressionaram, no local, por um encontro com o Governo por causa da alteração do diploma dos concursos. Um problema novo para os professores, como é o caso de Nuno Ferreira, que, à última hora, escreveu um cartaz personalizado dirigido ao ministro.
"Os professores, a lutar, também estão a ensinar. Os professores deslocados também são desprotegidos, não têm ajudas de custo. Estamos a lutar por melhores condições de trabalho e para ter turmas com menos de 20 alunos para que eles consigam aprender melhor. Se não lutarmos pelos nossos direitos nunca mais vamos conseguir", afirmou à TSF o docente.
Nuno Ferreira é professor deslocado. Dá aulas na Escola Básica Damião de Góis, em Alenquer, mas tem a família no Porto.
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"Temos de lutar para ter melhores condições salariais. Não temos ajudas de custo e a vida dos professores deslocados vai ficar pior com este novo regulamento porque nos concursos o Ministério da Educação quer municipalizar o ensino e colocar-nos efetivos nas escolas em que estamos deslocados", sublinhou Nuno Ferreira.
Durante cerca de duas horas, os professores concentrados em frente ao Ministério da Educação, vindos de várias zonas do país, gritaram palavras de ordem como "Diretores a recrutar, não iremos aceitar" ou "Todo o tempo é para contar, não é para roubar".
Entre apitos e buzinas, os professores entoaram ainda a palavra "Respeito", repetida também nos cartazes que seguravam.