Fernando Araújo admite recurso a "entidades fora do SNS" para dar resposta à IVG
O diretor executivo do SNS "não está satisfeito" com a resposta que está a ser dada a mulheres que pretendem abortar e que foi denunciada numa reportagem do Diário de Notícias, no último fim de semana.
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Garantir o acesso, responder em tempo e humanizar o tratamento das mulheres que pretender realizar uma interrupção voluntária da gravidez (IVG) são as três metas estabelecidas pelo diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde, ouvido, esta quarta-feira, no Parlamento.
Fernando Araújo foi questionado pela deputada Catarina Martins, do Bloco de Esquerda, sobre a reportagem do Diário de Notícias que dava conta de dificuldades no acesso à IVG.
"Naturalmente que não estamos satisfeitos com o que vimos e com o que conhecemos nesse sentido," reconheceu o diretor executivo do SNS, garantindo que a resposta vai ser dada em três frentes.
"A primeira questão que estamos a trabalhar é tornar mais flexível e simples nesses circuitos de acesso à consulta da IVG," explicou Fernando Araújo aos deputados.
O diretor executivo do SNS admitiu ainda o recurso a privados ou no setor social nos casos em que o serviço público não possa dar resposta em tempo útil.
"Se não temos capacidade noutras unidades do SNS - que devemos tentar ter a médio e longo prazo - a curto prazo, vale a pena ter acordos com outras entidades mesmo fora do SNS. O que temos é que salvaguardar que há uma resposta, em tempo, para estas mulheres que fazem uma opção fundamentada e isso não pode nem ser protelado, nem ser escondido, nem ser limitado," sublinhou Fernando Araújo.
Aos deputados, o responsável pela gestão do SNS garantiu estar a "tentar, a curto prazo, resolver o melhor possível os problemas e tentar, depois, montar respostas a médio longo prazo, para que haja uma capacidade de resposta em tempo útil."
Fernando Araújo pronunciou-se ainda sobre a "dimensão de dignidade" da resposta dada às mulheres: "Temos que criar capacidade de mudar a forma de nos relacionarmos e esta é uma área sensível," admitiu.
"Induzir também em todos os profissionais uma forma diferente de atuar é, portanto, algo que também iremos seguramente perseguir: uma mudança de cultura, uma nova forma para dignificar e humanizar os cuidados em geral e nesta área em particular," garantiu o diretor executivo do SNS.